A disputa judicial entre os deputados federais Duda Salabert (PDT) e Nikolas Ferreira (PL-MG) chegou a uma fase decisiva. Em dezembro de 2025, a parlamentar acionou a Justiça para executar a sentença que condenou Ferreira a pagar uma indenização por transfobia. O valor, que originalmente era de R$ 30 mil, foi corrigido e agora soma R$ 65 mil.

O processo teve como base entrevistas concedidas por Nikolas em 2020, ao Estado de Minas, nas quais o parlamentar afirmou que se referiria à colega no masculino, negando o reconhecimento de sua identidade de gênero.

Em uma das declarações, ele disse que continuaria a chamá-la de “ele”, sustentando que se apoiava em critérios “biológicos”. A Justiça entendeu que o ato não foi um erro, mas uma ofensa deliberada à identidade de gênero de Duda.

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Ao longo do processo, a defesa de Ferreira argumentou que suas falas estavam protegidas pela liberdade de expressão e pela imunidade parlamentar. No entanto, os tribunais, em todas as instâncias, rejeitaram essa tese. O entendimento foi que a imunidade não é um salvo-conduto para ataques à honra e à dignidade de outras pessoas, caracterizando a fala como discurso de ódio.

Um debate sobre limites

O caso se tornou um exemplo prático do debate sobre os limites da liberdade de expressão no ambiente digital. A condenação de uma figura pública com milhões de seguidores levanta questões sobre a responsabilidade de quem produz conteúdo e a moderação das plataformas.

A decisão judicial reforça que a liberdade de expressão não deve ser limitada quando colide com outros direitos fundamentais, como o da dignidade da pessoa humana. Para muitos, o episódio serve como um precedente importante na luta contra a transfobia e outros tipos de preconceito.

Após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitar o último recurso da defesa em junho de 2025, a decisão se tornou definitiva (transitada em julgado) em agosto do mesmo ano. Com isso, o processo entrou na fase de cumprimento de sentença, e Nikolas Ferreira foi formalmente intimado a realizar o pagamento, encerrando um embate que alimenta a discussão sobre o comportamento de figuras públicas nas redes sociais.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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