Caporezzo e Rodrigues (à esquerda da imagem) não concordaram com presença do coronel Carlos Frederico Otoni Garcia (à direita) sem farda da PM -  (crédito: Reprodução/ALMG)

Caporezzo e Rodrigues (à esquerda da imagem) não concordaram com presença do coronel Carlos Frederico Otoni Garcia (à direita) sem farda da PM

crédito: Reprodução/ALMG

Com que roupa eu vou? A dúvida clássica do quase centenário samba de Noel Rosa motivou o fim de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (27/2). Uma sessão na Comissão de Segurança Pública foi encerrada de forma precoce depois que o deputado Sargento Rodrigues (PL) considerou inviável manter a reunião diante da presença do chefe do Gabinete Militar do Governador, o coronel Carlos Frederico Otoni Garcia, sem a farda da Polícia Militar.

A audiência em questão foi convocada por Sargento Rodrigues e seu correligionário Cristiano Caporezzo (PL) para discutir o que os parlamentares consideram um cerceamento da liberdade de expressão das forças de segurança de Minas, categoria que foi às ruas no último mês pedindo recomposição salarial. Os deputados questionam a proibição de uma manifestação da classe marcada para o último dia 8 na Cidade Administrativa, sede do governo estadual.

Logo no início da sessão, o coronel foi questionado por Sargento Rodrigues se a decisão que impediu a manifestação na Cidade Administrativa foi tomada pelo militar enquanto membro da PM ou como representante do gabinete do governador Romeu Zema (Novo). Garcia frisou que a medida é relativa a uma decisão do Executivo Estadual.

Em resposta imediata ao coronel, Rodrigues questionou a presença de um militar da ativa na audiência pública em trajes civis. “Me causou uma enorme estranheza o senhor comparecer a essa reunião em trajes civis. Não tenho notícia de nenhum coronel da Polícia Militar da ativa participar de qualquer audiência pública em trajes civis”.

Em resposta, o chefe do gabinete militar destacou a autonomia do órgão em que trabalha. Na argumentação, o coronel afirmou que, embora os integrantes da pasta sejam escolhidos dentro das corporações militares, não há um vínculo direto com a PM.

“Eu sou chefe do Gabinete Militar do Governador. Sou um coronel de polícia, mas não estou exercendo minhas funções na Polícia Militar. O Gabinete Militar do Governador é um órgão autônomo. Não está subordinado nem vinculado à Polícia Militar. Por isso, não estou aqui representando a Polícia Militar, estou representando o Gabinete Militar, órgão do qual eu sou o chefe”, afirmou o coronel, que vestia um terno cinza e camisa branca.

Sargento Rodrigues disse considerar a ausência de farda uma ‘afronta’. Logo após a primeira série de perguntas e respostas, a audiência foi encerrada. Segundo o parlamentar do PL, não havia condições de prosseguir com a sessão diante das condições em que o coronel compareceu à Assembleia. O deputado afirmou ainda que uma nova reunião será marcada para o dia 5 de março.