Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal -  (crédito: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)

Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal

crédito: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A Polícia Federal apreendeu, em agosto do ano passado, na casa do coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), dois documentos manuscritos. Um deles, de acordo com as investigações, apresentava a chamada "Teoria da Tempestade Perfeita". Este termo é usado para descrever um cenário desfavorável que pode resultar em tragédia. Ele estava no comando da corporação quando ocorreram os atentados de 8 de janeiro.

Além disso, um outro documento manuscrito foi apreendido, este com sete páginas. A primeira página começa com o termo "do amparo legal" e a última começa com "militares com ponto de encontro", de acordo com as diligências. Além das folhas manuscritas, foram apreendidos, durante a operação Lesa Pátria, uma ofício e um memorando, datados de 6 de janeiro de 2023, dois dias antes dos atentados contra as sedes dos Três Poderes.

Os documentos oficiais eram da PMDF alertando de que a situação em Brasília nos dias seguintes poderia sair do controle, com riscos de atos de violência em meio a manifestações. Um dos memorandos falava na necessidade de manter a tropa de choque em prontidão pelos dias seguintes. A lista com o que foi apreendido foi publicada inicialmente pelo blog O Cafezinho e a reportagem do Correio Braziliense também teve acesso.

Os itens revelam que Fábio, que na época era comandante da corporação, sabia dos riscos de atos violentos durante as manifestações de apoiadores de Jair Bolsonaro que não aceitavam o resultado da eleição. No entanto, mesmo assim policiais portando apenas cassetetes e spray de pimenta, ainda em etapa do curso de formação, foram alocados na Praça dos Três Poderes.

O coronel, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem, manteve conversas de teor extremista e era alinhado ao pensamento bolsonarista. Ele foi convocado pela Comissão Parlamentar Mista do 8 de janeiro, no Senado, mas ficou calado e não deu sua versão dos fatos. Em depoimento à PF, o militar afirmou que cumpriu ordens do alto comando dos entes de segurança pública do Distrito Federal.

Ele chegou a ser preso em janeiro, foi solto em fevereiro do ano passado e novamente preso em agosto de 2023 e ainda permanece encarcerado. No mês passado, ele foi transferido para a reserva remunerada por determinação da atual comandante-geral da PMDF, Ana Paula Barros Habka.