Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da 4ª Conferência Nacional da Juventude, em Brasília -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da 4ª Conferência Nacional da Juventude, em Brasília

crédito: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou nesta sexta-feira (15/12) o tom dos ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de "facínora", "aquela coisa", além de acusar o adversário político de "usar a fé dos evangélicos".

Os ataques a Bolsonaro dominaram boa parte do discurso de Lula durante a inauguração de um contorno rodoviário na BR-101, em Serra (ES). Ao celebrar a obra, questionou a plateia se o ex-presidente havia construído algum "metro de rodovia" no estado.

"Em todos os estados da Federação que vou, pergunto se alguém se lembra de alguma obra que aquela coisa inaugurou. [...] Ele não inaugurou nenhuma obra aqui. Mas ele inaugurou o ódio entre filhos, pais, a mentira, as mais deslavadas mentiras. As intrigas entre famílias", afirmou Lula.

"Tem família que não conversa mais. Tem pai que não conversa com filho. Tem filho que não conversa com a mãe. Tem irmão que não conversa com o irmão, por causa de um facínora que pregou o ódio durante quatro anos neste país. Mentiu e pregou o ódio."

Lula também atacou Bolsonaro sobre mentiras divulgadas durante as eleições, segundo as quais o então candidato do PT poderia fechar igrejas.

"A gente vai provar que o que resolve o problema de um povo não é a instigação do ódio, utilizando a boa fé do povo evangélico para mentir. Dizendo que a gente ia fechar igreja, dizendo que a gente ia fazer banheiro unissex, isso ou aquilo", disse ele.

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Ao falar sobre religião, Lula disse que somente Deus poderia fazer com que uma pessoa com sua história de vida chegasse três vezes à Presidência da República.

"Eles têm que saber de uma coisa, que se tem um cara nesse país que acredita em Deus, é esse que está vos falando aqui. Por quê? [...] Somente Deus poderia fazer que um filho de dona Lindu, semianalfabeto, que não morreu de fome, fosse eleito três vezes presidente deste país", disse ele.

"Somente Deus é que poderia fazer um menino de 5 anos de Garanhus, com sete irmãos, predestinados a morrer de fome, sair num pau-de-arara em Pernambuco, andar 13 dias até São Paulo, chegando lá encontramos meu pai com outra família. A minha mãe separou do meu pai, nós fomos morar sozinhos. E esse filho, que escapou da morte até os 5 anos de idade, que não teve diploma universitário, é o presidente da República mais eleito deste país. Isso só pode ser coisa de Deus."

O presidente também criticou Bolsonaro por sua ausência durante o período de transição de governo e o classificou como "um cidadão que não merecia nenhum respeito".

"Faltava dois meses para tomar posse e tivemos que começar a governar este país, porque este país não tinha sequer orçamento para que a gente sequer administrasse 2023. E ainda colocamos na PEC da Transição dinheiro para pagar as contas dele, de um cidadão que não merecia nenhum respeito."

Durante o evento, um homem que estava na plateia provocou uma pequena confusão ao gritar palavras de ordem contra o comunismo. Ele foi retirado do local por seguranças antes do discurso do presidente, que não notou a movimentação.