A presença cada vez maior da tecnologia no dia a dia tem transformado a vida das pessoas em todas as esferas. Na educação, esse processo também acontece de maneira acelerada, modificando a forma como os estudantes aprendem e os professores ensinam. Mas diante das inúmeras possibilidades, situações preocupantes surgem na mesma proporção. Um dos principais pontos – a oferta democrática das ferramentas – é um desafio em diversos países, entre eles o Brasil.
Nas últimas décadas, houve avanços significativos na ampliação do acesso à internet, na popularização de dispositivos digitais e na criação de plataformas educacionais voltadas para diferentes faixas etárias. O uso de recursos que possibilitam aulas mais dinâmicas, contribuindo para despertar o interesse dos alunos, também tem sido ampliado a partir da adaptação dos espaços das instituições de ensino.
Porém, é inegável que a aplicação da tecnologia na educação ainda enfrenta problemas estruturais e pedagógicos. O primeiro obstáculo é agravado com a desigualdade entre as regiões brasileiras e a rede de ensino em análise. É comum que colégios localizados nas periferias das cidades, em zonas rurais e até mesmo em municípios de menor porte não possuam sequer internet estável – situação que compromete, por exemplo, a realização de videoaulas e atividades interativas. Laboratórios desatualizados e número insuficiente de equipamentos são outra realidade negativa.
A diferença entre as escolas municipais e estaduais em comparação com as particulares representa outra barreira. A descontinuidade de projetos, decorrentes de trocas políticas e a falta de recursos para manutenção e atualização tecnológica criam uma distância entre o público e o privado. O investimento constante e o cuidado duradouro precisam ser considerados metas permanentes, independentemente da gestão de momento.
Outro desafio central diz respeito às condições adequadas para os professores. Sem preparo contínuo, muitos educadores não conseguem integrar a tecnologia de forma significativa ao conteúdo trabalhado com os estudantes, restringindo as diversas alternativas em atividades superficiais. A falta de valorização e de atenção com os docentes, que é um empecilho histórico no país, agrava a questão porque compromete ainda mais a formação dos profissionais. É fundamental pensar, também, no acesso que os professores têm à tecnologia fora do ambiente escolar. A capacitação para integrar a tecnologia de maneira pedagógica e estratégica é essencial.
Se quiser crescer e competir no mundo globalizado, o Brasil não pode permitir que os recursos tecnológicos sejam usados de maneira superficial, apenas como substitutos do quadro e do livro, e não como instrumentos que ampliam a aprendizagem. O caminho a ser percorrido pelo país é gigante e exige mobilização da sociedade para cobrar resultados.
Democratizar a tecnologia nas escolas depende de investimentos duradouros, formação docente sólida e ações que garantam acesso igualitário, permitindo que todos os estudantes participem plenamente da cultura digital sem que as diferenças limitem o seu potencial transformador.