"Inaugurado em 1863, o metrô lendário de Londres tem 408 quilômetros de extensão e já foi considerado o maior do mundo. Perdeu esse título ao ser superado, nos últimos anos, por outros metrôs, como os chineses de Xangai e Pequim, que, somados, beiram os 1 mil quilômetros de linhas férreas e carris. Destaque também para o nova-iorquino, que abrange nada mais nada menos que 425 estações. No Brasil, como não poderia deixar de ser, o título do metrô mais extenso fica com o da capital de São Paulo, com 104 quilômetros de rede, divididos em 6 linhas, sendo a primeira viagem realizada em 1972. Óbvio que um trem metropolitano não deve ser avaliado somente pela sua extensão. Conforto e tempo em espera devem ser sempre analisados.
Dito isso, e guardadas as devidas proporções históricas, econômicas e populacionais, vejo a notícia do jornal Estado de Minas – 'Além de aumento de tarifas, transtornos' (Gerais, 26/6) –, e chegamos no metrô de Belo Horizonte. Segundo a matéria, intervenções da operadora trazem constantes impactos negativos na vida dos passageiros que utilizam o serviço, não justificando, segundo usuários, o recente aumento dos bilhetes.
Na baldeação de público para o privado, o metrô belo-horizontino em nada mudou até o momento. Revitalização, ampliação, continuam no papel. Implantado em 1° de agosto de 1986, o metrô de Belo Horizonte, com seus 28 quilômetros de extensão, cresceu pouco ao longo de seus 39 anos. Em poder do Estado, a influência política, na hora de as verbas serem liberadas, sempre teve um peso enorme em detrimento dos projetos e estudos. Desde a sua criação, o metrô sempre teve a vocação de ser um cabo eleitoral em anos de eleições. Nas mãos agora do privado, uma conjugação de aumento de preços com transtornos e lentidão na melhora dos serviços tem significado o encarecimento dos custos para os usuários.
E daí uma pergunta: qual a ligação que o metrô de BH tem com os londrinos e chineses? Nenhuma. A ilustração vale somente para dizer que, no Brasil, não é valorizado o primordial para a mobilidade urbana: o transporte de pessoas por trem."
Fábio Moreira da Silva
Belo Horizonte