Morreu? Não! “Ficou encantado”, como profetizou Guimarães Rosa. Somente assim, conseguiria comover o mundo e arrastar multidões.


Outro virá; em breve. Nenhum igual a ele, a trocar a opulência do Vaticano pela modéstia da casa onde morava, mesmo após eleito e empossado.


Antes, faxineiro, pobretão. Depois, estoico, viveu sua inquiridora humanidade. Mais do que um papa; um santo. “Homem da rua”, da convivência, do sorriso aberto, do abraço fraterno. Não apenas luz, mas claridade que não ofusca, antes ilumina. Vela que não se consome, dotada de misteriosa perenidade.


Sapatos vermelhos? Agora, botas de pescador, de homens e almas. Crucifixo de ouro? Agora, de latão. À semelhança do outro, de Assis, a um só tempo, fonte e inspiração.


Assim foi ele. Veio para ficar. Para sempre.


Ele foi para o longe, para o distante, para o desconhecido, para o impenetrável.Ficaram seus valores, sua pregação, seu testemunho. Sacerdócio, sua aspiração, vivido com rigor de jesuíta.


A vida só tem sentido quando a serviço dos outros. Embora sujeita a limites, ela se agiganta e se expande, a todos surpreendendo. Árvore frondosa, produz sombra, mas não retira a luz. Irmãs gêmeas, juntas desde o nascimento.


Alguém, à altura do seu tempo, de conflitos e contradições. Alguém que balançou alicerces e pilares, contribuindo para um mundo melhor. Papa dos marginalizados, dos oprimidos, dos incompreendidos.


Estrela a guiar os reis magos, aqui está ela, com a mesma luminosidade, riscando o firmamento e mudando a História.

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