Hoje é o Dia Mundial da Obesidade e, à medida que o tempo passa, o tema sobe no ranking das piores doenças da humanidade. Os números são prova disso. A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que 2,3 bilhões de adultos pelo mundo estejam com sobrepeso e outros 700 milhões com obesidade, ou seja, 3 bilhões de pessoas com problemas de saúde. Ainda segundo a OMS, 40% dos casos de câncer poderiam ser evitados se os fatores de risco não fossem aplicados pelos pacientes no dia a dia, e aqui incluem-se sedentarismo, má alimentação, consumo de bebidas alcoólicas, produtos ultraprocessados, negligência quanto ao autocuidado e por aí vai.

Embora a citação acima se refira a adultos, crianças e jovens também são protagonistas quando o assunto é ganho de peso. Se na década de 1990 31 milhões de crianças e adolescentes eram considerados obesos, hoje são mais de 159 milhões deles – número que mais que quadruplicou até 2022.

Endocrinologistas, oncologistas e clínicos gerais têm alertado a população para a piora desse quadro. Pelo menos 13 tipos de câncer já têm alguma relação com a obesidade, a exemplo do fígado, mama, tireoide, ovário, rim, pâncreas e estômago. E já no ano que vem, segundo uma pesquisa feita por cientistas de Harvard, publicada em 2018, serão 29 mil novos casos de câncer decorrentes do excesso de peso.

A obesidade perde apenas para o tabagismo como principal causa evitável de câncer, sendo que, devido a uma considerável queda do número de fumantes em todo o mundo, ainda é capaz de ultrapassar o tabagismo e ocupar a liderança em pouco tempo. Isso sem falar no que os médicos chamam de comorbidades, muitas atribuídas ao aumento drástico do peso, como diabetes, doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Outro ponto relevante é que a obesidade pode aumentar a produção de hormônios masculinos, já que o tecido adiposo produz mais testosterona, e o aumento de concentração desse hormônio pode levar a distúrbios na ovulação, com ciclos menstruais irregulares ou falta de ovulação. Resultado: a mulher tem maior dificuldade de engravidar.

A verdade é que, assim como no caso do Aedes aegypti, a sociedade e até mesmo os profissionais de saúde estão exauridos de fazerem discursos e campanhas contra gordura saturada, álcool, cigarro, açúcar, sedentarismo e tantos outros péssimos hábitos. Mas falta uma contribuição mais que importante: o desenvolvimento e execução de políticas públicas que invistam não somente em conscientização, mas na relação entre obesidade e doença ou não obesidade e saúde.

Nisso, podemos citar as propagandas colocadas nos maços de cigarro. Sim, algumas imagens foram bastante criticadas, mas surtiram algum efeito em parte dos tabagistas adictos. Enfim, os governos não iriam comprar briga com as gigantes dos fast-foods ou com multinacionais de bebidas alcoólicas e refrigerantes. Seria, no mínimo, uma batalha desigual. Portanto, a melhor forma de tentar reduzir os números de pessoas obesas e com sobrepeso é focar numa equação bem simples: alimentação adequada + prática de atividade física + autocuidado = saúde e, logo, mais anos de vida.