Prevista para ser realizada no dia 5 de novembro, as eleições presidenciais dos Estados Unidos caminham para reeditar a disputa de 2020, entre o democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump. Os papeis, desta vez, estão trocados. Se quatro anos atrás Trump era o presidente e falhou em conquistar a reeleição, agora é Biden que chega às urnas para defender seu legado e tentar garantir a posição até 2028.


A presença do republicano na revanche, porém, ainda não é certa. Apesar de já ter iniciado seu rolo compressor nas primárias dos estados de Iowa e New Hampshire, vencendo com folga a indicação do partido, ele ainda enfrenta problemas na Justiça, que podem levar à sua inelegibilidade. Trump é acusado de envolvimento no ataque ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores tentaram impedir a posse de Joe Biden. Mas como ainda não chegou uma reação mais enérgica das instituições e, principalmente, da Suprema Corte, tudo caminha para que o nome do ex-presidente seja mantido nas cédulas. Mas seja Trump ou Biden o presidente que vai iniciar um segundo mandato em 2025, o resto do mundo já se prepara para um período de turbulências, já que a expectativa é que os dois repitam, em linhas gerais, o que fizeram à frente da Casa Branca.


Por enquanto, Biden tem desapontado seus eleitores mais à esquerda, já que ele não cumpriu boa parte das promessas de campanha e vem seguindo à risca a cartilha padrão da presidência dos EUA, com envolvimento nos conflitos pelo mundo, como as guerras entre Israel e o Hamas, e entre Ucrânia e Rússia. Ele também tem problemas de ordem econômica, com uma inflação alta para os padrões norte-americanos. Biden ainda vem sendo abertamente contestado por outros líderes do país. Um dos casos veio do governador do Texas, Greg Abbott, que enviou tropas estaduais para uma área controlada pelo governo federal na fronteira com o México, e que estaria sendo usada por coiotes para atravessar imigrantes ilegais para dentro dos EUA.


Trump, por sua vez, deve voltar a implodir todos os tratados globais que ele deixou nos seus quatro anos de mandato e que foram recuperados por Biden, como o Acordo de Paris, para conter os danos da mudança climática, ou os repasses para a Organização das Nações Unidas (ONU). Sua proximidade com o presidente russo Vladimir Putin deixa seus aliados europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) arrepiados, já que Trump pode fazer a balança da guerra contra a Ucrânia pesar a favor de Moscou, resultando em um reconhecimento da posse russa dos territórios invadidos – o que abriria precedentes para outras incursões de Putin pelo continente europeu, de efeito desastroso para a segurança mundial. Por fim, pesa contra ele o ataque ao Capitólio, visto por boa parte do mundo como uma tentativa de golpe de estado. Além disso, a idade dos dois é outro fator a ser levado em conta. Na data da nova posse, Biden terá 82 anos, e Trump 78 anos. Não é absurdo pensar que o vice-presidente eleito, seja ele quem for, terá a missão de completar o mandato.


A incerteza que permeia esse processo eleitoral reflete não apenas as complexidades individuais de Biden e Trump, mas também os desafios estruturais que os Estados Unidos enfrentam. A atmosfera política do país segue em uma profunda polarização, com a sociedade dividida e a busca por consensos se apresentando um desafio cada vez maior. A necessidade de corrigir rumos, independentemente do resultado eleitoral, emerge como uma tarefa crucial para qualquer líder que venha a assumir o cargo, sob o risco de a instabilidade tomar conta do mundo.