De acordo com a Defesa Civil de Maceió, o desmoronamento de uma das minas de sal-gema da Braskem em Maceió pode tragar, a qualquer momento, parte considerável do bairro de Mutange, nas proximidades da Lagoa do Mundaú. O deslocamento vertical acumulado da Mina 18 é de 1,42m e a velocidade vertical, de 2,6cm por hora. A população remanescente do bairro foi avisada na quarta-feira, por SMS, que deveria abandonar imediatamente suas casas devido ao risco de desabamento, largando tudo para trás.


Desde junho de 2019, Pinheiro, Mutange e Bebedouro se tornaram bairros fantasmas. Parte do Bom Parto e do Farol também. Mais de 14 mil imóveis estão ameaçados e 54 mil pessoas foram afetadas. A Braskem tem 35 minas de sal-gema espalhadas em Maceió, com pr

ofundidade média de 886 metros, mas algumas chegam a mais de 1,6 mil metros de profundidade.
Desde novembro, cinco tremores de terras provocaram um alerta de risco iminente de colapso da Mina 18, no Mutange; outras duas podem desmoronar. A extração de sal-gema, utilizada na fabricação de soda cáustica, plástico para embalagens e PVC, começou na década de 1970, com a Salgema Indústrias Químicas S/A, que se tornaria a Braskem. O método de extração é muito predatório: injetar água para dissolver e bombear o sal.


As rachaduras surgiram em fevereiro de 2018, uma delas com 280 metros de extensão. No mês seguinte, houve o primeiro tremor, com novas rachaduras, abertura de crateras e danos aos imóveis do bairro Pinheiro. Em 2019, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) confirmou que a instabilidade no solo foi causada pela mineração.


Desde então, a Braskem vem tentando tamponar as minas que ameaçam desabar com areia, porque isso era feito apenas com água e deu errado. Entretanto, o fracasso dessa alternativa foi varrido para debaixo do tapete. As soluções pactuadas com a Prefeitura de Maceió e órgãos ambientais foram insatisfatórias. Não existe transparência em relação às medidas tomadas e a população é mantida à margem dessas tratativas.


Os prejuízos econômicos são enormes. A tragédia ambiental iminente pode ser de proporções inéditas no mundo: as águas da Lagoa do Mundaú podem ser sugadas pelas minas.


A Braskem afirma que “a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços, está isolada desde a tarde da terça-feira, em cumprimento às ações definidas nos protocolos de segurança". A empresa diz que 99,3% dos imóveis da área de risco foram realocados, desde novembro de 2019.


Ainda segundo a Braskem, os dados de monitoramento demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área desta mina, mas pode ser abrupta. Com escritórios e plantas nas Américas, na Europa e na Ásia, a Braskem atende clientes em mais de 70 países. É a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas e líder mundial na produção de biopolímeros.