A Venezuela reconheceu neste domingo (7) a morte de um dirigente da oposição encarcerado há um ano, enquanto Washington tachou de "vil" o governo de Nicolás Maduro em meio à crescente pressão militar dos Estados Unidos na região.
Alfredo Díaz havia sido detido no auge da crise desencadeada após as controversas eleições de julho de 2024, nas quais Maduro foi proclamado para um terceiro mandato. A oposição denuncia fraude e reivindica a vitória do opositor Edmundo González Urrutia, atualmente no exílio.
O Ministério para o Serviço Penitenciário informou no domingo o falecimento do opositor de 56 anos, acusado de "terrorismo" e "instigação ao ódio".
"Estava sendo processado, com plena garantia de seus direitos, de acordo com o ordenamento jurídico e o respeito aos direitos humanos e à sua defesa jurídica", assegurou o comunicado.
"No sábado, 6 de dezembro de 2025, aproximadamente às 06h33, o cidadão Alfredo Javier Díaz apresentou sintomas compatíveis com um infarto do miocárdio (...) foi levado ao Hospital Clínico Universitário; onde deu entrada e, ao tentarem estabilizá-lo, infelizmente faleceu minutos depois", acrescentou o texto.
Díaz, que foi governador do estado de Nueva Esparta entre 2017 e 2021, é o sexto membro da oposição a morrer na prisão desde novembro de 2024.
"A morte do prisioneiro político venezuelano Alfredo Díaz, que foi detido arbitrariamente no centro de tortura de Maduro, El Helicoide, é outro lembrete da vil natureza do regime criminoso de Maduro", afirmou o Departamento de Estado americano na conta no X do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental.
A reação de Washington ocorre no momento em que uma flotilha americana, que inclui o maior porta-aviões do mundo, realiza operações antinarcóticos no Caribe.
Caracas afirma que as manobras empreendidas pela administração Trump buscam derrubar Maduro.
– "Padrão de repressão" –
A dirigente opositora María Corina Machado, na clandestinidade há mais de um ano e recentemente laureada com o Prêmio Nobel da Paz, disse que a morte de Díaz "se soma a uma alarmante e dolorosa sequência de falecimentos de presos políticos detidos no contexto da repressão pós-eleição de 28 de julho".
"As circunstâncias dessas mortes — que incluem a negação de atenção médica, condições desumanas, isolamento e torturas, tratamentos cruéis, desumanos e degradantes — revelam um padrão contínuo de repressão estatal", indicou Machado, enfatizando em uma declaração conjunta com González Urrutia.
Díaz estava detido na sede do serviço de inteligência nacional (Sebin), um local descrito como um "centro de tortura" pela oposição venezuelana e por ativistas de direitos humanos.
O advogado Gonzalo Himiob, da ONG Foro Penal, declarou à AFP que Díaz "havia sido acusado, mas seu julgamento estava paralisado". "Nós fomos designados por sua família como seus representantes legais, mas o governo lhe impôs um defensor público."
Díaz "estava preso e isolado há um ano, só permitiram uma visita de sua filha", afirmou Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal, dedicada à defesa de detidos por razões políticas.
Desde 2014, morreram 17 presos políticos sob custódia do Estado venezuelano, disse Romero à AFP. "A repressão basicamente se tornou um mecanismo ou uma estratégia do regime para intimidar", acrescentou.
Segundo o levantamento mais recente do Foro Penal, na Venezuela há ao menos 887 presos políticos.
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