Enfrentamentos sacudiram nesta sexta-feira (6) uma zona da fronteira entre Paquistão e Afeganistão, dois países que mantêm relações muito instáveis desde o retorno dos talibãs ao poder em Cabul em 2021.
Afeganistão e Paquistão já se envolveram em enfrentamentos letais em outubro, antes da assinatura de um frágil cessar-fogo que, no entanto, não foi suficiente para pôr fim às tensões.
"Infelizmente, esta noite, a parte paquistanesa começou a atacar o Afeganistão em Kandahar, no distrito de Spin Boldak, e as forças do Emirado Islâmico viram-se obrigadas a responder", declarou nesta sexta-feira o porta-voz do governo talibã, Zabihullah Mujahid, na rede social X.
O Paquistão, por sua vez, culpou o Afeganistão pelo início das hostilidades.
"Há pouco, o regime talibã afegão recorreu a disparos não provocados" ao longo da fronteira, escreveu Mosharraf Zaidi, porta-voz do primeiro-ministro do Paquistão, na rede social X.
"Nossas forças armadas responderam de imediato, de maneira adequada e intensa", acrescentou.
Habitantes do lado afegão da fronteira contaram à AFP que a troca de disparos começou por volta de 22h30 (15h em Brasília) e durou cerca de duas horas.
Ali Mohammed Haqmal, chefe do departamento de informação de Kandahar, declarou à AFP que as forças paquistanesas atacaram com "artilharia leve e pesada" e que o fogo de morteiro atingiu imóveis civis.
"Os enfrentamentos acabaram, ambas as partes concordaram em detê-los", acrescentou.
Não há registro de vítimas por ora e um correspondente da AFP em Chaman, no lado paquistanês da fronteira, ouviu disparos de artilharia e explosões.
Afeganistão e Paquistão mantêm relações conturbadas desde o retorno dos talibãs ao poder no Afeganistão em 2021.
Islamabad acusa Cabul de oferecer guarida a milícias lideradas pelo movimento paramilitar paquistanês Tehreek-e-Taliban (TTP), algo que o governo do Afeganistão rejeita.
Os enfrentamentos de outubro terminaram com mais de 70 mortos e centenas de feridos. Os combates terminaram com um cessar-fogo negociado por Catar e Turquia, mas as negociações em Doha e Istambul não foram suficientes para estabelecer uma trégua duradoura.
Em novembro, Cabul acusou o país vizinho de realizar ataques aéreos em uma região fronteiriça. Esses ataques, segundo a mesma fonte, causaram a morte de 10 pessoas, nove delas crianças. Islamabad negou essa acusação.
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