O novo governo boliviano de centro-direita denunciou, nesta terça-feira (2), desvios multimilionários de combustíveis sob as administrações anteriores de esquerda do Movimento ao Socialismo (MAS), que impactaram o país, inclusive na recente crise de escassez de combustíveis.
A Bolívia compra no exterior diesel e gasolina para distribuí-los no mercado interno a preço subsidiado. Os preços estão congelados há 20 anos, desde que a esquerda assumiu o poder pela primeira vez. Por conta disso, o contrabando nas fronteiras disparou.
Desde 2023, essa política de subsídio esgotou as reservas de divisas, propiciou um abastecimento muito irregular de gasolina e diesel e aumentou o custo de vida para os bolivianos.
Os desvios ocorriam em "todos os formatos, compra e venda, revenda (...) manipulação de caminhões-tanque", disse nesta terça Yussef Akly, presidente da estatal YPFB, à emissora Unitel.
Essas práticas comprometiam "25% de todo o volume que se recebe e se comercializa", afirmou Akly, no âmbito das auditorias dispostas pelo Executivo diante da rede de corrupção que assegura ter sido montada pelo MAS.
"Estamos falando de 800 milhões a 1 bilhão de dólares [4,26 a 5,33 bilhões de reais] que impactam a nível nacional nas contas do Estado por ano", declarou, sem especificar o período de tempo.
Desde que assumiu o poder em 8 de novembro, o governo de Rodrigo Paz denunciou que encontrou "um sistema de corrupção" nas instituições públicas dedicado ao "roubo de combustíveis".
O presidente prometeu um corte nos subsídios aos combustíveis, que ainda não foi concretizado.
No mês passado, formou uma "comissão da verdade" para investigar possíveis delitos no setor de hidrocarbonetos, cometidos durante a era socialista da Bolívia que durou quase 20 anos, iniciada por Evo Morales (2006-2019) e seguida por Luis Arce (2020-2025).
Na segunda e terça-feira, o Ministério Público realizou buscas em escritórios da YPFB e da ANH em meio a investigações por suposta corrupção.
Paz afirmou que durante seus primeiros dias de governo encontrou o aparato estatal convertido em "uma cloaca de dimensões extraordinárias".
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