O jornalista turco Fatih Altayli, um dos comentaristas políticos mais populares do país, foi condenado nesta quarta-feira (26) a quatro anos e dois meses de prisão por "ameaças" ao presidente Recep Tayyip Erdogan, informou a ONG de defesa dos meios de comunicação MLSA.

Altayli foi detido e encarcerado em junho após dizer que vários sultões otomanos haviam terminado "assassinados ou estrangulados". Suas palavras foram um comentário a uma pesquisa que indicava que uma ampla maioria dos turcos se oporia a uma eventual presidência vitalícia de Erdogan.

O jornalista, que está há cinco meses na prisão de Silivri, em Istambul, tem 2,8 milhões de seguidores no X e quase 1,7 milhões no YouTube, onde até junho apresentava um programa diário muito popular.

"Este país já estrangulou seus sultões no passado. Quando não os apreciava, quando não os queria (...) Muitos sultões otomanos foram estrangulados, assassinados ou acabaram se suicidando", explicava Altayli em 20 de junho em seu canal no YouTube ao comentar os resultados de uma pesquisa de opinião.

Um promotor havia solicitado a prisão preventiva do jornalista de 63 anos, alegando que, com seu comentário, ele havia ameaçado o presidente turco.

Durante sua detenção, Altayli declarou que apenas havia fornecido "elementos de contexto histórico", sem intenção de ameaçar, segundo vários meios de comunicação da oposição que citam um registro de interrogatório.

"A severa condenação imposta a Fatih Altayli por declarações tiradas de contexto (...) constitui uma mensagem antidemocrática e inaceitável com o objetivo de intimidar", reagiu nesta quarta-feira Erol Önderoglu, representante na Turquia da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), solicitando a "libertação imediata" do jornalista.

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