"A gente não percebe tudo o que guarda!". Em um parque de Londres, dezenas de jovens se reuniram para gritar juntos e liberar a tensão, um fenômeno que viralizou no TikTok.

Os participantes, em sua maioria com 20 anos, se reuniram no último sábado (18) no topo da colina de Hampstead Heath, a oeste da capital.

Eles esperaram que Mona Sharif, a organizadora deste "Clube do Grito", desse o sinal e então começaram a gritar.

A ação "é inspirada na terapia de grupo e na terapia do grito, onde as pessoas expressam frustrações que não podem verbalizar", explica à AFP a criadora de conteúdo de 26 anos.

Sharif conta até três e todos começam a gritar a plenos pulmões enquanto se gravam com seus telefones, observados por pedestres que se divertem ou estão surpresos.

"Foi terapêutico. A gente não percebe tudo o que guarda até deixar sair", disse Rebekah Drakes, uma garçonete de 23 anos, após seu grito.

Um primeiro "Clube do Grito" atraiu "mil pessoas" para outro parque uma semana antes, informa Mona Sharif, que não conseguia acreditar. 

Após ver no TikTok que as pessoas se reuniam para gritar nos Estados Unidos, "publiquei um vídeo sugerindo que fizéssemos o mesmo em Londres e criei um grupo de conversa (...) ao qual mil pessoas se juntaram em três dias", conta.

Julia Dewit, professora de 29 anos, está feliz de que muitas mulheres, que frequentemente "são encorajadas a manter a calma e a serenidade", e que os jovens, ao contrário dos mais velhos, se sintam mais confortáveis "falando sobre emoções e saúde mental".

Antes de começar a gritar, os participantes se revezaram para subir em um banco e falar sobre sua solidão, suas dificuldades para encontrar seu lugar na sociedade ou o que os irrita nas notícias, com o incentivo do grupo.

Segundo uma pesquisa da YouGov para a Universidade UCL, publicada em setembro, dois terços dos jovens (de 16 a 25 anos) na Grã-Bretanha enfrentam problemas de saúde mental, relacionados principalmente aos seus estudos ou problemas financeiros.

Este clube também permite que se reúnam e troquem ideias em uma capital onde muitas pessoas "se sentem sozinhas e têm dificuldades de fazer amigos", destaca Mona Sharif. 

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