A Anistia Internacional classificou nesta sexta-feira (15) como "um insulto aos sobreviventes e um sinal verde para os traficantes" as declarações do ministro do Interior do Quênia, que considerou um documentário da BBC sobre o tráfico sexual de menores em seu país como "uma farsa".
Na semana passada, a BBC transmitiu uma investigação que revelou como adolescentes são vítimas de tráfico sexual em Mai Mahiu, uma cidade no Vale do Rift, no Quênia.
O ministro do Interior do Quênia, Kipchumba Murkomen, declarou na quarta-feira ao Parlamento que uma investigação policial havia concluído que a reportagem era "uma farsa, já que as pessoas entrevistadas não eram menores de idade".
"Foi uma farsa. Planejou-se e executou-se de tal forma que parecia que menores de idade eram vítimas de exploração sexual, quando, na verdade, as pessoas que participaram da encenação [as vítimas do tráfico] sabiam que não eram menores", afirmou o ministro, acrescentando que as mulheres entrevistadas pela BBC haviam sido remuneradas.
Essas declarações "encorajam os autores do tráfico sexual de crianças e representam uma perigosa tentativa de desacreditar e silenciar" o jornalismo, denunciou em comunicado o diretor da Anistia Internacional Quênia, Irungu Houghton.
A polícia queniana foi criticada depois que o documentário revelou que não havia tomado nenhuma medida desde que a BBC lhes apresentou evidências do tráfico em março, cinco meses antes da transmissão.
A emissora defendeu a reportagem, afirmando que as pessoas entrevistadas não haviam recebido nenhum pagamento e que estavam claramente identificadas como adultas relatando suas experiências quando eram menores de idade.
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