Uma década após sua polêmica prisão, o julgamento do ex-primeiro-ministro português José Sócrates começou nesta quinta-feira (3) em Lisboa, por supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude fiscal. 

A imprensa local o noticiou como "um dia histórico" ou "o julgamento do século". 

O caso se arrastará por vários meses, já que a acusação convocou cerca de 200 testemunhas. 

O julgamento ocorre após uma longa investigação e um processo marcado por dezenas de recursos e ações apresentados pela defesa de Sócrates e seus corréus. 

Diante de uma nova tática protelatória, os magistrados interromperam brevemente a audiência desta quinta-feira para analisar e rejeitar um pedido dos advogados de Sócrates que buscavam o impedimento da presidente do tribunal, Susana Seca. 

"Lutei durante anos para evitar um julgamento, porque é meu direito", disse nesta quinta-feira o ex-chefe de Governo de 67 anos, afirmando sua inocência. 

No total, 18 pessoas e três empresas de um grupo de engenharia estão sendo julgadas neste caso em torno dos 34 milhões de euros (231 milhões de reais) que Sócrates teria acumulado desde 2006 — enquanto estava à frente do país — graças a um amigo de infância que, segundo a acusação, atuou como seu testa de ferro.

Outras figuras importantes do mundo empresarial estarão no banco dos réus, incluindo o ex-diretor do Banco Espírito Santo, que faliu após a descoberta de irregularidades contábeis, e dois ex-executivos da Portugal Telecom. 

Segundo o Ministério Público, Sócrates teria recebido dinheiro do Espírito Santo, do Grupo Lena e de acionistas de um empreendimento turístico no sul do país. 

Engenheiro de formação, o ex-líder socialista chegou ao poder em 2005 e liderou Portugal até 2011, quando teve que recorrer à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional para evitar a falência do país, atingido pela crise da dívida da zona do euro. 

Após ser detido em novembro de 2014, passou quase dez meses em prisão preventiva e pouco mais de um mês em domiciliar.

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