Homens armados a bordo de motos mataram quase 40 pessoas em um ataque contra uma comunidade de mineração no centro da Nigéria, anunciaram autoridades nesta terça-feira(21).

O ataque aconteceu na segunda-feira à noite no distrito de Wase, no estado de Plateau, uma região que há muitos anos é cenário de conflitos por disputas de terra.

O estado de Plateau fica na linha de demarcação entre o norte da Nigéria, de maioria muçulmana, e o sul, predominantemente cristão. Os confrontos entre pastores nômades e agricultores são frequentes nas comunidades da região. 

Além disso, as mudanças climáticas também aumentaram as disputas por acesso à terra, à água e aos recursos minerais. 

"Bandidos armados em motos invadiram a comunidade de Zurak, atirando e incendiando casas", disse à AFP por telefone o assessor de comunicação do estado de Plateau, Musa Ibrahim Ashoms. 

"Até agora foram confirmadas as mortes de quase 40 pessoas", acrescentou. 

Os moradores da cidade de Zurak, onde ocorreu o ataque, vivem principalmente da mineração.

"Não há nenhuma segurança, corpos foram encontrados e ainda estamos procurando", disse outro morador, Adamu Maikasuwa Saluwe. 

Para Saluwe, este tipo de incidente "constitui uma ameaça à segurança alimentar da região", já que o ataque, no qual morreram pessoas e "destruíram propriedades", ocorreu pouco antes da estação agrícola. 

A região é conhecida por suas reservas de estanho, zinco e figos da Índia, e recebe investimentos de empresas nigerianas e estrangeiras. 

As atividades de mineração ilegais são generalizadas, conduzindo a tensões frequentes e confrontos entre comunidades.

- Crise de segurança e humanitária -

Gangues criminosas fortemente armadas também atuam em regiões do noroeste e centro da Nigéria, saqueando cidades e realizando sequestros em massa em troca de resgates.

Há anos, os agricultores da região acusam os pastores de destruir suas plantações com seu gado e isto motiva disputas violentas e frequentes.

Os confrontos, somados à mudança climática e explosão demográfica do país, que tem 215 milhões de habitantes, levaram a uma grave crise de segurança e humanitária.

O estado de Plateau foi cenário de violentos confrontos entre comunidades em dezembro de 2023, que tiraram a vida de 200 pessoas durante o fim de semana do Natal. 

Em janeiro, vários ataques deixaram mais de 50 mortos e milhares de deslocados nessa província.

Estes incidentes estão entre os principais desafios enfrentados pelo presidente Bola Ahmed Tinubu, que fez campanha com a promessa de reduzir a insegurança.

O presidente quer atrair investimentos estrangeiros para a principal economia africana e, também, o país mais populoso do continente.

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