Os partidos independentistas catalães estão tentando mobilizar o seu eleitorado para as eleições regionais de domingo (12), nas quais concorrem contra os socialistas do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, pelo poder nesta região, palco de uma tentativa mal-sucedida de secessão em 2017.

"Este retorno que estamos fazendo" nas pesquisas "já é um sinal de vitória", declarou Carles Puigdemont, líder do governo separatista em 2017, e que agora se candidata novamente nesta região do nordeste da Espanha.

Puigdemont, que passou seis anos e meio no exterior para não ser pego pela Justiça espanhola, revitalizou o seu partido, Juntos pela Catalunha, e segundo as pesquisas, está atrás apenas de Salvador Illa, candidato do Partido Socialista.

Este novo fôlego lhe permite superar a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), do atual presidente regional, Pere Aragonès, mas não garante que o movimento independentista, afetado por divisões internas, conseguirá maioria absoluta no domingo. 

Nas eleições regionais em 2021, o bloco separatista obteve 74 das 135 cadeiras no Parlamento regional. Mas nas últimas legislativas espanholas, em 23 de julho de 2023, os socialistas ganharam força na Catalunha face a um acentuado declínio separatista, sobretudo da ERC.

"Há pessoas que estão um pouco decepcionadas (...) e isso é um problema", opinou a aposentada Lourdes Escalfet, de 71 anos, apoiadora do Juntos Pela Cataluna.

- Muito em jogo -

Poucas semanas antes de o Parlamento espanhol aprovar uma lei de anistia para os separatistas envolvidos na tentativa de secessão em 2017, Puigdemont sonha em retornar à Catalunha como presidente regional. Caso não consiga, já anunciou que deixará a política local. 

Mas a campanha pró-independência poderá se tornar ainda mais complicada caso a emergente Aliança Catalã, de extrema direita, obtenha representação, como indicam algumas pesquisas, já que os demais partidos separatistas declararam que não fariam uma aliança com a legenda. 

O horizonte também não está claro para os socialistas. Com as pesquisas indicando cerca de 40 deputados, a candidatura de Illa precisará de aliados para alcançar os 68 assentos da maioria absoluta. 

Muito presente na campanha catalã, Sánchez também tem muito em jogo nestas eleições.

Os resultados nesta região fundamental lhe permitiriam impulsionar o novo mandato que iniciou em novembro do ano passado, que foi dificultado pela dura oposição da direita e pela abertura de uma investigação judicial contra a sua esposa, o que o levou a cogitar a renúncia há duas semanas. 

Também representariam um impulso à estratégia de distensão que optou desde sua chegada à presidência do governo espanhol em 2018, e que o levou a aprovar medidas como o perdão aos líderes separatistas condenados à prisão.

A mais recente foi a promoção da polêmica lei de anistia aos independentistas, em troca de apoio dos partidos catalães em seu novo mandato no final de 2023.

Estas movimentações geraram críticas contundentes por parte da direita e da extrema direita, que o acusam de ter se tornado um "refém" dos separatistas — minoria no Parlamento espanhol —, apenas para se manter no poder.

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