Rebeca Andrade diz que não se sente pressionada a conquistar medalhas para o Brasil nas Olimpíadas de Paris. 

Sua concentração, diz ela em entrevista à AFP, não está fixada nem mesmo na grande favorita, a lendária Simone Biles, mas em suas próprias capacidades. 

Na reta final para as competições parisienses (26 de julho a 11 de agosto), a ginasta brasileira, que completa 25 anos nesta quarta-feira (8), se prepara para defender a medalha de ouro conquistada em Tóquio-2020 e seus dois títulos mundiais (2021, 2023) no salto. 

Na ausência de Biles, que desistiu da maioria das provas para cuidar da saúde mental, Rebeca subiu ao primeiro lugar do pódio na capital japonesa.

E enquanto a americana ficou dois anos parada, Andrade, a primeira brasileira medalhista olímpica em sua modalidade, despontou como uma de suas grandes adversárias ao enfileirar medalhas, incluindo um histórico primeiro lugar no individual geral feminino do Campeonato Mundial de Ginástica Artística de 2022. 

Mas Biles, a ginasta de maior sucesso de todos os tempos, está de volta a Paris e quer frustrar as aspirações da carismática e "baixinha" (1,55 m) brasileira, nascida em Guarulhos, cidade na região metropolitana de São Paulo.

- "Estou feliz" -

Após a lesão da atleta venezuelana Yulimar Rojas, Rebeca Andrade é a figura mais importante do esporte latino-americano e a esperança do país para superar o recorde de medalhas registrado em Tóquio (sete ouros, 21 medalhas no total). 

E promete, como é habitual em suas apresentações, ao som do funk brasileiro, homenagear o Brasil negro, popular e marginalizado. 

Pergunta: Como sua cabeça e seu corpo estão preparados para participar das Olimpíadas?

Resposta: “Graças a Deus eu estou bem, estou feliz, estou saudável. Eu acho que esse é o ponto principal e um dos mais importantes  para que eu me sinta preparada para competir." 

P: Em sua terceira participação olímpica, depois de Rio-2016 e Tóquio-2020, você é considerada o principal nome do Brasil nos Jogos. Como você lida com essa pressão? 

R. “Eu sei que é uma responsabilidade, mas  eu não me sinto pressionada e não sinto também como um peso, porque eu sei que eu não sou obrigada a voltar para o meu país com medalhas e tudo mais. A minha obrigação é fazer o meu melhor ali dentro das minhas possibilidades e capacidade. Então eu consigo controlar bastante a minha cabeça, mas é claro que eu espero ter resultados muito positivos."

- O futuro? -

P. Biles é a rival a ser batida. Como derrotá-la?

R. "Eu não sei dizer como vencer, porque o meu foco não está nela, o meu foco está em mim. É fazer o meu melhor, como eu já falei, nas minhas possibilidades e na minha capacidade ginástica que eu tenho ali. Então eu fazendo o meu melhor eu acho que é algo que já vai me deixar muito orgulhosa de tudo que eu tiver que apresentar. E espero que ela também, que ela faça o melhor dela, porque é uma honra poder competir ao lado dela."

P. No Mundial da Antuérpia em 2023, o mundo viu uma imagem inusitada: três ginastas negras – você, Biles e a americana Shilese Jones – no pódio. O que significaria repetir essa conquista em Paris? 

Mais uma vez representatividade, né? Eu acho que hoje em dia a gente está vendo muito mais atletas negros e podendo representar e incentivar tantas crianças e jovens que antes achavam que não podiam sonhar e hoje além de sonhar eles podem acreditar que é possível.

P. Ainda falta muito tempo, mas podemos contar com Rebeca Andrade nos Jogos Los Angeles 2028? 

R. "Ah (risos), só Deus sabe!"

raa/app/jb