A esposa de Julian Assange denunciou, nesta terça-feira (16), a falta de garantias oferecidas pelos Estados Unidos após o pedido da Justiça britânica para sua eventual extradição. 

No âmbito do processo de extradição de Assange, a quem os Estados Unidos querem julgar por um enorme vazamento de documentos confidenciais sobre suas atividades militares e diplomáticas, a Justiça britânica pediu novas garantias em relação ao tratamento que seria dado ao fundador do WikiLeaks caso ela seja extraditado. 

As garantias que os Estados Unidos devem oferecer serão examinadas em 20 de maio pela Justiça do Reino Unido.

Em um comunicado, Stella Assange afirmou que os Estados Unidos ofereceram uma "não garantia" sobre a possibilidade de o australiano de 52 anos invocar em sua defesa a primeira emenda da Constituição americana, sobre a liberdade de expressão, e uma "garantia padrão" em relação a uma hipotética condenação à morte. 

Segundo a esposa de Assange, os Estados Unidos alegam que seu marido não pode invocar a primeira emenda por não ter a nacionalidade americana. 

Ela acrescentou que os Estados Unidos "se limitam a uma formulação cínica e pouco clara que afirma que Julian pode 'tentar invocar' a primeira emenda se for extraditado". 

"A nota diplomática não faz nada para aliviar a extrema consternação de nossa família em relação ao seu futuro, com a perspectiva sombria de que passe o resto de sua vida em regime de isolamento em uma prisão americana por publicações jornalísticas que receberam prêmios", lamentou Stella Assange. 

Sua reação contrasta com a que seguiu o anúncio do exame por parte dos Estados Unidos de uma solicitação apresentada pela Austrália para que retirassem as acusações contra o fundador do WikiLeaks. 

Na quarta-feira, o presidente americano, Joe Biden, disse em uma entrevista que Washington estava examinando um pedido australiano para que se abandonasse as acusações contra Assange, originário desse país. 

Esse anúncio foi qualificado por Stella como "um bom sinal". 

Processado por ter tornado públicos desde 2010 mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, em particular no Iraque e Afeganistão, Assange pode ser condenado pela Justiça americana a até 175 anos de prisão se for extraditado. 

Julian Assange está há cinco anos lutando nos tribunais britânicos para tentar evitar a extradição. 

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