O funcionário de maior escalão que enfrenta um processo pelo desaparecimento de 43 estudantes no México em 2014 foi transferido para sua casa neste sábado (13), depois que um juiz decretou prisão domiciliar para continuar seu caso judicial.

Jesús Murillo Karam, ex-procurador-geral mexicano e principal responsável pela questionada investigação sobre o desaparecimento dos 43 estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa, ocorrido em setembro de 2014, obteve essa decisão devido à sua idade avançada e estado de saúde. Ele tem 76 anos e estava preso desde agosto de 2022.

O ex-funcionário foi transferido na terça-feira de uma prisão na Cidade do México para sua casa por um comboio da Guarda Nacional, conforme imagens divulgadas pela rede ForoTV.

A Comissão da Verdade Ayotzinapa (CoVAJ), criada pelo governo do presidente Andrés Manuel López Obrador para esclarecer o caso, condenou a prisão domiciliar de Murillo Karam.

"Esta ação envia uma mensagem de impunidade para as vítimas e à sociedade. A CoVAJ reitera sua disposição de trabalhar junto com as mães e pais dos jovens desaparecidos", disse na rede social X.

Murillo Karam é apontado como autor da chamada "verdade histórica", como é conhecido o relatório final entregue por seu escritório sobre o desaparecimento dos 43 estudantes, segundo o qual eles foram detidos por policiais corruptos que os entregaram a traficantes de drogas.

Os jovens foram posteriormente assassinados pelos criminosos, que também incineraram seus corpos e jogaram os restos em um rio, de acordo com o mesmo relatório.

Essa versão é rejeitada tanto pelas famílias dos 43 quanto pelos especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que também investigaram o caso e cujas descobertas são a base de uma nova investigação liderada pelo governo de López Obrador.

Até o momento, apenas os restos mortais de três alunos foram localizados, e desde 2022, a prisão de 132 pessoas foi ordenada, incluindo 14 militares e a do ex-procurador.

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