A Ucrânia aprovou nesta quinta-feira (11) uma lei que endurece as regras de recrutamento, para alistar mais homens e enfrentar o avanço da Rússia, que executou um novo ataque noturno em larga escala contra infraestruturas do setor de energia.

"Durante a noite, a Rússia disparou mais de 40 mísseis e 40 drones contra a Ucrânia", escreveu o presidente Volodimir Zelensky na rede social X.

"Alguns mísseis e drones Shahed foram derrubados com sucesso. Infelizmente, apenas uma parte deles", acrescentou Zelensky, antes de destacar que os russos "atacaram novamente infraestruturas essenciais".

Segundo o presidente, que visita a Lituânia nesta quinta-feira, os russos atacaram instalações em Kiev, em Zaporizhzhia e Odessa, no sul, em Lviv (oeste) e perto da fronteira com a Polônia.

Os ataques russos deixaram dois mortos e quatro feridos na cidade de Mykolaiv (sul), informou o governador da região, Vitaly Kim, no Telegram. 

A Ucrânia conseguiu destruir 37 dos 40 drones lançados pelas forças russas, informou o Exército em seu boletim diário.

"O inimigo atacou novamente a nossa infraestrutura de energia", disse o ministro ucraniano da Energia, Guerman Galushchenko.

Os ataques tiveram como alvos "instalações de produção e sistemas de transmissão" nas regiões de Kiev, Kharkiv (nordeste), Zaporizhzhia e Lviv, afirmou o ministro.

Duas usinas termelétricas da operadora ucraniana DTEK também foram atacadas, informou a empresa no Telegram, sem revelar a localização.

O ministro do Interior, Igor Klimenko, destacou que centenas de operários trabalhavam em todo o país após "grandes bombardeios", que duraram várias horas.

Na Lituânia, onde chegou nesta quinta-feira, Zelensky voltou a pedir aos aliados de Kiev que ajudem a reforçar a defesa antiaérea ucraniana e a "consolidar o apoio internacional com o objetivo de derrotar o terror russo".

Zelensky afirmou que durante a visita a Vilnius assinou um acordo  bilateral de segurança com a Letônia, por um período de 10 anos.

"O acordo prevê um apoio militar anual da Letônia à Ucrânia equivalente a 0,25% do PIB. A Letónia se compromete a ajudar a Ucrânia durante 10 anos nas áreas de defesa cibernética, retirada de minas e tecnologias não tripuladas", explicou Zelensky nas redes sociais.

- Lei polêmica -

O presidente ucraniano foi recebido na capital Vilnius por seu homólogo lituano, Gitanas Nauseda, para participar em uma reunião da iniciativa dos Três Mares, que reúne 13 Estados-membros da UE localizados entre o Báltico, o Adriático e o Mar Negro.

Zelensky afirmou que espera a assinatura de um novo acordo bilateral de segurança durante a visita à Lituânia.

Ao mesmo tempo, o Parlamento ucraniano aprovou nesta quinta-feira um projeto de lei que endurece as regras para a mobilização militar e não estabelece um prazo para que os soldados com muito tempo de serviço sejam dispensados, uma reforma polêmica que provocou indignação entre os militares e suas famílias.

A lei foi aprovada no momento em que a Ucrânia enfrenta uma escassez de soldados voluntários, mais de dois anos após o início da invasão russa em fevereiro de 2022.

O texto endurece as penas para quem evita o recrutamento e gerou polêmica quando ps parlamentares anunciaram, de última hora, a eliminação de um dispositivo que estabelecia a dispensa dos soldados que completassem 36 meses de serviço, um revés para aqueles que estão na frente de batalha há mais de dois anos. 

O Exército ucraniano está sobrecarregado após o fracasso da contraofensiva iniciada em meados de 2023 e dos atrasos na entrega da ajuda prometida pelas potências ocidentais, no momento em que tenta conter o ataque das forças russas em várias posições da frente.

Para seguir com os combates, o Exército precisa de munições e soldados, mas enfrenta dificuldades para encontrar voluntários. Assim, em um primeiro momento, ampliou as condições para o alistamento, reduzindo a idade dos recrutas de 27 para 25 anos.

A reforma endurece as sanções para quem tenta evitar o recrutamento e também facilita o alistamento com a criação de um registro digital.

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