O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, insistiu nesta quarta-feira (10) em que as duas últimas eleições em seu país foram "decididas pelos canadenses", ao rebater acusações de que seu governo não fez o suficiente para impedir a interferência estrangeira.

Trudeau depôs por quatro horas perante a comissão independente que investiga as acusações de que a China e outros buscaram interferir no processo democrático no Canadá, bem como a resposta de Ottawa.

"Essas eleições foram decididas pelos canadenses", afirmou Trudeau sobre os pleitos de 2019 e 2021, ambos vencidos pelo Partido Liberal, ao qual pertence. Ministros, funcionários da inteligência e assessores de Trudeau também prestaram depoimento sobre o escândalo político que abalou o Canadá por mais de um ano.

Opositores conservadores acusam Ottawa de fazer vista grossa para a suposta interferência estrangeira, especialmente da China, o que Pequim nega.

Um relatório de inteligência apresentado à Comissão descrevia as atividades da China como "sofisticadas, onipresentes, persistentes e dirigidas a todos os níveis de governo e da sociedade civil, em todo o país". Trudeau e vários ministros disseram que o documento era inconclusivo.

Os conservadores, que assumiram uma postura firme contra a China devido ao seu histórico negativo em direitos humanos e às suas medidas de segurança em Hong Kong, são vistos por Pequim como menos favoráveis do que os liberais de Trudeau.

As eleições aconteceram em um contexto de tensão entre os dois países, após a prisão da diretora financeira da empresa Huawei, Meng Wanzhou, seguida da prisão de dois canadenses acusados de espionagem na China. Todos foram libertados em 2021.

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