ONGs internacionais alertaram nesta quinta-feira(5) que é quase impossível trabalhar na Faixa de Gaza, embora não pretendam deixar o território devastado pela guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas.

Organizações como Médicos sem Fronteiras (MSF), Save the Children, Oxfam e Médicos do Mundo participaram de uma coletiva de imprensa conjunta três dias após a morte de sete membros da ONG americana World Central Kithcen (WCK) em um ataque israelense em Gaza.

A tragédia provocou uma onda de condenação internacional e levou a ONG fundada pelo chef espanhol José Andrés a suspender suas operações no território.

Para Isabelle Defourny, presidente de MSF na França, o incidente "não é uma surpresa porque há seis meses somos testemunhas das decisões tomadas por Israel, que trava uma guerra contra uma população bloqueada, privada de comida e bombardeada em massa".

A questão da saída de Gaza é levantada "diariamente", embora não tenham planos para o fazer neste momento, disse. 

"Não estão reunidas as condições para prestar assistência humanitária (…) Mas não vamos deixar de trabalhar em Gaza", afirmou. 

A responsável humanitária disse que a situação na Faixa "ultrapassou o horror absoluto" e, em sua opinião, "equivale a um genocídio". 

Em nome da Oxfam, Scott Paul disse que o ataque ao comboio WCK "não é uma anomalia". 

"Mais de 200 trabalhadores humanitários foram mortos, é sistemático. Salvo que esta semana foram trabalhadores internacionais", disse ele. 

Esta ONG apresentou um estudo que mostra que os habitantes do norte da Faixa de Gaza vivem com menos de 245 calorias por dia, o que é "menos que uma lata de feijão".

O território "deveria ser uma zona de ação contra a fome. E, em vez disso, é uma zona livre para disparos", denunciou Paulo. 

Karyn Beattie, da ONG Save the Children, destacou que "não é possível chegar (à população necessitada) sem um cessar-fogo". O responsável pela organização Médicos do Mundo no Oriente Médio, Louis Bichet, exigiu "condições de trabalho adaptadas e segurança" para as ONG. 

O escritório da organização na Cidade de Gaza foi parcialmente destruído, embora a sua posição fosse "bem conhecida do exército israelense", denunciou. 

"Isto levanta sérias dúvidas sobre a confiança que podemos ter na compreensão e respeito do Estado de Israel pelo direito humanitário internacional", afirmou. 

fg-cho/bfi/anr/dbh/cjc/jc/aa