O presidente francês, Emmanuel Macron, avalia que a França "poderia ter detido o genocídio" em Ruanda em 1994 "junto aos seus aliados ocidentais e africanos", mas "não teve a vontade de fazer isso", indicou seu gabinete nesta quinta (4). 

No domingo, Ruanda relembrará os 30 anos do início do genocídio contra a minoria tutsi pelas mãos do regime extremista hutu no poder, que causou mais de 800.000 mortos entre abril e julho de 1994. 

Em ocasião dessa comemoração, da qual não poderá participar, Macron pretende divulgar um vídeo nas redes sociais, explicou seu entorno à AFP. 

"O chefe de Estado recordará, especialmente, que quando a fase de extermínio total dos tutsis começou, a comunidade internacional tinha os meios de saber e atuar, graças a seu conhecimento dos genocídios que os sobreviventes armênios e da Shoah nos revelaram", indicou a Presidência francesa. 

Mas a "França, que poderia ter detido o genocídio junto aos seus aliados ocidentais e africanos, não teve a vontade de fazer isso", acrescentou. 

As autoridades ruandesas acusaram durante muito tempo a França, que mantinha estreitas relações com o regime hutu do presidente Juvénal Habyarimana, de "cumplicidade" no genocídio. 

Em 2021, uma comissão de historiadores, dirigida por Vincent Duclert e criada por iniciativa de Macron, concluiu que seu país tinha "uma enorme responsabilidade" nos massacres. 

"Em 7 de abril de 2024, o chefe de Estado reafirmará que a França está ao lado de Ruanda, do povo ruandês, em recordação a um milhão de crianças, mulheres e homens mortos por terem nascido tutsis", acrescentou a presidência. 

Durante a cerimônia, a França será representada pelo seu chanceler, Stéphane Séjourné, e seu secretário de Estado do Mar, Hervé Berville, nascido em Ruanda e retirado nos primeiros dias do genocídio. 

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