A OEA criou, nesta quarta-feira (3), um "grupo voluntário" que acompanhará de perto a situação na Nicarágua, quase cinco meses depois que este país deixou formalmente de ser membro da organização.

Por aclamação, o Conselho Permanente, órgão executivo da Organização dos Estados Americanos (OEA), adotou uma resolução que dissolve o Grupo de Trabalho sobre a Nicarágua, criado em 2018.

No texto, a OEA adverte que "continuará acompanhando a situação na Nicarágua, quando estimar necessário, inclusive mediante um diálogo amplo com atores locais e internacionais, incluídas as autoridades nicaraguenses".

Para isso, institui "um grupo voluntário, aberto à participação de todos os Estados-membros", que não vai gerar custos para o orçamento da organização, acrescenta.

Os membros da OEA denunciam o desmantelamento das estruturas cívicas, a deterioração das instituições e poderes essenciais de um Estado de Direito e a violação sistemática e persistente dos direitos humanos no país centro-americano.

E lembram ao governo do presidente Daniel Ortega e de sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo que a saída da OEA não o exime "do dever de cumprir com seus demais compromissos internacionais, especialmente aqueles relacionados com a promoção e a proteção dos direitos humanos".

A situação do país com a comunidade internacional se tensionou pela repressão aos protestos de 2018 contra Ortega, no poder desde 2007 e reeleito sucessivamente. As eleições de 2021 foram realizadas com os adversários do mandatário presos ou no exílio.

Desde então, Manágua, que foi submetida a sanções americanas, empreende uma ofensiva contra milhares de ONGs e o mundo acadêmico, além do que opositores exiliados denunciam como uma perseguição "feroz" contra a Igreja Católica.

É "a pior ditadura do continente", afirmou nesta quarta-feira o embaixador uruguaio na OEA, Washington Abdala, durante o Conselho Permanente.

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