Um agente britânico infiltrado no Exército Republicano Irlandês (IRA) durante o conflito da Irlanda Norte provavelmente causou mais mortes do que vidas salvas, segundo um relatório publicado nesta sexta-feira (8). 

A investigação, aberta em 2016 e chamada "Operação Kenova", centra-se em casos de morte e tortura que remontam aos anos 1970, ligados a um agente conhecido como "Stakeknife", assim como no papel exercido pelos serviços de segurança. 

As três décadas de conflito na Irlanda do Norte causaram 3.500 mortos até a assinatura dos acordos de paz em 1998. 

"Stateknife" estava à frente do famoso "nutting squad" (equipe da morte) do IRA, que era responsável por interrogar e fazer desaparecer traidores e informantes. 

As conclusões provisórias da investigação reveladas nesta sexta-feira elevam a 101 o número de assassinatos e sequestros realizados por essa unidade. 

Um homem suspeito de ser "Stateknife", Freddie Scappaticci, morreu em 2023 aos 77 anos. 

Scappaticci reconheceu que fez parte do IRA até 1990, mas negou ter trabalhado para os serviços secretos britânicos. 

A investigação não confirma sua identidade, mas estima que o número de vidas salvas graças às informações de "Stateknife" seria ao redor de dez e não centenas como pode ter sido afirmado. 

"Acredito que o número de vidas perdidas foi provavelmente maior que o das salvas", escreveu o autor do relatório, Jon Boutcher. 

O autor acrescenta que "sem nenhuma dúvida" houve ocasiões nas quais "Stakeknife" "atuou fora de suas atribuições e fez coisas que não devia ter feito". 

Os especialistas do "Kenova Victim Focus Group" (VFG), grupo independente encarregado de monitorar o respeito aos direitos das vítimas, qualificaram as conclusões do relatório como uma "etapa importante". 

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