O Senegal elege neste domingo (24) o seu quinto presidente em eleições cujo resultado é imprevisível e que decidirão entre a continuidade e uma mudança, talvez radical, após três anos de turbulência e crise política. 

Cerca de 7,3 milhões de pessoas são chamadas a votar em cerca de 16.000 centros de votação no país e no exterior, entre o partido no poder Amadou Ba, seu principal rival, o antissistema Bassirou Diomaye Faye, e 16 outros candidatos. 

Os favoritos são Ba, de 62 anos, primeiro-ministro por algumas semanas no governo do presidente em exercício Macky Sall, que o nomeou como seu sucessor; e Bassirou Diomaye Faye, de 43 anos, o "candidato à mudança de sistema" e ao "Pan-africanismo de esquerda".

Ambos afirmam poder vencer sem necessidade de segundo turno, que parece provável, mas para o qual não há data definida. 

O ex-prefeito de Dacar, Khalifa Sall, de 68 anos, também tem chances. 

A votação é acompanhada de perto, já que o Senegal é considerado um dos países mais estáveis da África Ocidental, uma região recentemente abalada por vários golpes de Estado. 

Dacar mantém relações sólidas com o Ocidente, enquanto a Rússia fortalece as suas posições nos países vizinhos.

A sociedade civil, a União Africana, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental e a União Europeia enviaram centenas de observadores. 

Os observadores da UE constataram que as eleições acontecem "com calma, eficiência e de forma muito ordenada", declarou a chefe da missão, Malin Björk.

A eleição estava marcada para 25 de fevereiro, mas um adiamento de última hora desencadeou uma onda de violência que deixou quatro mortos. 

Várias semanas de confusão testaram a democracia do Senegal até que as eleições foram finalmente marcadas para 24 de março. A campanha foi reduzida para duas semanas no mês de jejum muçulmano. 

O presidente em exercício, com 12 anos no poder e reeleito em 2019, não concorreu à reeleição.

É a primeira vez que um presidente em exercício não se apresenta à reeleição.

- Tensão política -

Ba apresenta-se como candidato à continuidade e como baluarte contra os "aventureiros" e "amadores". 

"Vamos consolidar, vamos aprofundar, vamos acelerar, vamos melhorar e vamos mais rápido", disse Ba ao votar junto com sua esposa em Dacar.

No entanto, terá que assumir o legado de Sall: pobreza persistente, alto desemprego, dívida pesada e a partida de milhares de migrantes todos os anos em embarcações para a Europa.

Faye descreveu a si mesmo como uma "opção pela mudança" ao votar junto de suas duas esposas em sua cidade de Ndiaganiao (oeste).

Desde 2021, o país vive episódios de turbulência provocados pela disputa entre o governo e o opositor Ousmane Sonko, guia do candidato Diomaye Faye, somados às tensões sociais e à indefinição do presidente Sall sobre a sua candidatura a um terceiro mandato. 

A crise prolongou-se com o adiamento das eleições presidenciais. Dezenas de pessoas morreram e centenas foram presas, manchando a imagem do país.

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