Fornecer mais armas à Ucrânia e repor as próprias reservas: líderes da UE retomam em Bruxelas nesta quinta-feira (21) as negociações sobre a ajuda militar a Kiev, um tema constante na agenda do bloco desde o início da invasão russa.

Após mais de dois anos de conflito, as tropas ucranianas encontram crescentes dificuldades para conter as de Moscou, que têm reivindicado avanços em alguns pontos do front, e por isso, Kiev aumenta a pressão e pede mais ajuda a seus aliados da União Europeia.

"Temos que continuar e acelerar nosso apoio à Ucrânia. A necessidade atual é por munições" disse o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, cujo país exerce a presidência rotativa da UE.

- Fundos russos congelados -

Para financiar armas, dois planos em discussão contemplam a utilização dos rendimentos dos fundos russos congelados na UE devido às sanções adotadas em 2022, quando começou a invasão. 

As autoridades europeias estimam que o equivalente a cerca de 230 bilhões de dólares (1,15 trilhão de reais) em ativos russos estão bloqueados na União Europeia, gerando mais de 2 bilhões de dólares (10 bilhões de reais) em rendimentos anuais. 

Por esta razão, os líderes têm sobre a mesa uma proposta para destinar 90% dos lucros gerados por estes ativos ao Fundo Europeu de Apoio à Paz, que financia a compra de armas para a Ucrânia. 

Os restantes 10% iriam para um fundo da UE para "fortalecer as capacidades da indústria de defesa da Ucrânia".

A Rússia já alertou que se a UE tomar essa medida, isso levaria a disputas judiciais "durante décadas". 

Simultaneamente, os líderes da UE devem elaborar um enorme plano de investimento na indústria de Defesa europeia, para fornecer armas à Ucrânia e reabastecer as reservas dos países do bloco. 

A UE comprometeu-se no ano passado a entregar um milhão de obuses à Ucrânia até março deste ano, uma promessa que não conseguiu cumprir e agora procura um plano para atingir esse objetivo até ao final de 2024. 

França, Estônia e Polônia propõem utilizar empréstimos semelhantes ao grande pacote de apoio que a UE concedeu durante a pandemia de covid-19, agora para financiar despesas de defesa através da emissão de títulos. 

Mas um grupo de países mais austeros, liderados pela Alemanha, não está disposto a chegar a esse ponto.

- Gaza, outra preocupação -

Outro tema que será abordado na cúpula é a situação na Faixa de Gaza, sobre a qual as diferenças entre os países do bloco se tornam cada vez mais evidentes. 

A esmagadora maioria dos Estados-membros é a favor do fim das hostilidades ou de uma pausa humanitária, embora os países mais próximos de Israel - como a Hungria ou a Alemanha - possam impedir um consenso. 

Ainda nesta cúpula, líderes europeus devem autorizar o início de conversações formais de adesão da Bósnia.

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