A China será uma força global pela paz e estabilidade, afirmou o ministro das Relações Exteriores do país, Wang Yi, em uma coletiva de imprensa em Pequim nesta quinta-feira (7, noite de quarta em Brasília).

"Frente à complexa turbulência no ambiente internacional, a China persistirá em ser uma força pela paz, uma força pela estabilidade e uma força pelo progresso no mundo", disse Wang aos repórteres.

Wang fez seus comentários na maior reunião política anual da China, que foi aberta em Pequim no início desta semana.

As "Duas Sessões" - reuniões paralelas do parlamento de fachada da China e do corpo consultivo político - oferecem um vislumbre raro da estratégia do governo liderado pelo Partido Comunista para o ano seguinte.

A reunião deste ano está sendo observada de perto por sinais sobre a confiança dos líderes chineses nas condições geopolíticas atuais, enquanto as tensões persistem no Estreito de Taiwan e a guerra da Rússia na Ucrânia entra em seu terceiro ano.

A coletiva de imprensa de Wang ocorre após líderes do Sudeste Asiático e da Austrália alertarem nesta semana contra as ações da China que "põem em perigo a paz" no Mar do Sul da China, após novos confrontos entre Pequim e as Filipinas em águas contestadas.

Barcos da guarda costeira chinesa foram acusados na terça-feira de hostilizar uma flotilha de navios filipinos em uma missão de reabastecimento nas Ilhas Spratly, onde os países têm reivindicações marítimas contestadas.

A China disse que "tomou medidas de controle" contra os navios filipinos por sua "intrusão ilegal" em águas que reivindica, além de acusar um navio filipino de "intencionalmente" colidir com um navio chinês.

"Nos opomos resolutamente a todos os atos de hegemonia e intimidação, e defenderemos firmemente a soberania e segurança nacionais, bem como os interesses de desenvolvimento", afirmou Wang nesta quinta-feira.

- 'Novo paradigma' -

A expansão do alcance político da China tem gerado atritos em múltiplas frentes, com potências ocidentais criticando Pequim por se recusar a condenar Moscou por sua invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.

A China diz ser uma parte neutra na guerra da Ucrânia, mas sua parceria estratégica com a Rússia tem crescido desde o início da guerra.

"A China e a Rússia estabeleceram um novo paradigma para as relações entre grandes potências, completamente diferente da era da Guerra Fria", disse Wang aos repórteres nesta quinta-feira, acrescentando que os laços bilaterais se baseavam na "base de não-alinhamento, não confrontação e não direcionamento a terceiros".

Pequim divulgou um documento no ano passado pedindo um "acordo político" para o conflito, o que os países ocidentais disseram que poderia permitir que a Rússia retivesse grande parte do território que tomou da Ucrânia.

O enviado da China para a Eurásia visitou a Rússia, a Ucrânia e a sede da União Europeia no início deste mês para conversas sobre a guerra de dois anos entre Moscou e Kiev.

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