O chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos UNRWA, Philippe Lazzarini, defenderá nesta segunda-feira (4) perante a Assembleia Geral o trabalho da sua organização, acusada por Israel de ter funcionários envolvidos no ataque do Hamas em 7 de outubro que desencadeou a guerra em Gaza. 

Philippe Lazzarini alertou no final de fevereiro, em uma carta ao presidente da Assembleia Geral, que a agência atingiu um "ponto de ruptura" com os apelos de Israel ao seu desmantelamento e com a suspensão do financiamento de doadores internacionais. 

A capacidade da UNRWA de cumprir o seu mandato está "seriamente ameaçada", disse Lazzarini, que pediu aos Estados-membros para "fornecerem o apoio político necessário para sustentar" a agência.

A UNRWA está no centro da controvérsia desde que Israel acusou 12 dos seus funcionários de estarem envolvidos no ataque de 7 de outubro do grupo islamista palestino Hamas, que matou 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. 

Mais de 30.500 palestinos, a maioria mulheres e crianças, morreram na Faixa de Gaza desde que Israel lançou a sua contraofensiva, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Lazzarini afirma que Israel não apresentou nenhuma prova contra seus ex-funcionários. Mas vários países, incluindo Estados Unidos – o seu principal doador –, Reino Unido, Alemanha e Japão, suspenderam o financiamento à UNRWA após as acusações de Israel. 

O montante total congelado chega a 450 milhões de dólares (2,2 bilhões de reais), o equivalente à metade dos fundos que a UNRWA recebeu em 2023.

A ONU demitiu os funcionários indicados por Israel e lançou uma investigação interna. O secretário-geral, António Guterres, também encomendou um painel independente para analisar se a agência está agindo de forma neutra no conflito. 

Reconhecendo as medidas tomadas pela ONU e pela sua agência, a Comissão Europeia anunciou na semana passada que a União Europeia irá desbloquear 50 milhões de euros (cerca de 54 milhões de dólares ou 267 milhões de reais). 

Guterres insiste que nenhuma outra agência tem capacidade para substituir a UNRWA, que além de fornecer ajuda humanitária, administra escolas e hospitais.

ONGs como a Save the Children e a Action Against Hunger concordam com essa visão e alertaram para um "colapso absoluto" da resposta humanitária em Gaza, onde a água e os alimentos são escassos. 

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