"A esperança morreu". A morte, nesta sexta-feira (16), de Alexei Navalny, principal opositor de Vladimir Putin, chocou muitos jovens em Moscou, que acreditam que com a sua morte desaparece a esperança de mudança na Rússia. 

"Estou tremendo! Sinto as mesmas emoções como se tivesse perdido um dos meus pais", disse à AFP María, uma cientista da computação de 22 anos que, como os outros entrevistados, não quis revelar seu sobrenome. 

É "uma grande perda para toda a oposição russa", uma "tragédia", segundo a jovem.

Embora Navalny, um inimigo ferrenho do Kremlin, estivesse preso desde o seu retorno à Rússia no início de 2021, ele ainda representava a esperança para uma parte da população russa de um futuro sem Putin e de um país menos autoritário.

O carismático ativista anticorrupção era muito popular entre os jovens das grandes cidades, como Moscou, onde ficou em segundo lugar nas eleições municipais de 2013, as últimas em que foi autorizado a concorrer. 

Alexei Navalny morreu nesta sexta-feira em uma prisão do Ártico, para onde tinha sido transferido recentemente, segundo as autoridades.

"Esperamos que seja mentira. Para ser sincero, é difícil de acreditar. Pensar no que vai acontecer agora, no que o Estado pode fazer aos seus cidadãos, é assustador", lamentou Marc, um estudante de 18 anos. 

Valéria, de 28 anos, é guia turística. Para ela, Navalny era "um símbolo de esperança de um futuro melhor para a Rússia". "Tenho a impressão de que com a sua morte esta esperança também morre", acrescentou. 

"Se esta esperança ainda estava presente de uma forma ou de outra, é ainda mais fraca agora", afirmou, referindo-se a uma "imensa tragédia".

- "Ir embora" -

Depois de quase 25 anos de governo de Vladimir Putin e de dois anos de conflito com a Ucrânia, "muita gente vai se render, porque em qualquer forma de resistência é sempre necessário um símbolo", afirma Valéria. 

A morte de Navalny após três anos de prisão e um envenenamento, pelo qual acusou o Kremlin, deixa a oposição russa sem a sua face mais conhecida. Quase todos os opositores estão atrás das grades ou exilados no exterior.

"Ainda não consigo acreditar, mas se for verdade, é uma tragédia pessoal para mim e para muitas pessoas que conheço", diz Arthur, um estudante de 27 anos, à AFP. 

Para ele, como para muitos de sua geração, "Navalny representava uma certa imagem de mudanças positivas no futuro, de reformas futuras que poderiam nos levar a condições melhores do que as que temos". 

Arthur diz que está "com raiva e quer "ir embora".

Desde o início da operação na Ucrânia e da mobilização militar parcial decretada em setembro de 2022 por Putin, a Rússia vive um êxodo difícil de quantificar.

Muitas vezes são os jovens instruídos que vivem nas grandes cidades, os mesmos que apoiavam Navalny, que vão embora. "Não acreditamos mais na possibilidade de mudança para melhor", diz Arthur.

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