Mais de 100.000 pessoas emitiram o equivalente a um voto em branco nas urnas durante as primárias democratas do Michigan para sancionar o presidente Joe Biden por seu apoio a Israel na guerra em Gaza, segundo os resultados provisórios publicados nesta quarta-feira (28).

É uma "mensagem clara e contundente" para Biden, que busca um segundo mandato, a favor de um "cessar-fogo permanente agora", declarou aos jornalistas Layla Elabed, uma das líderes do coletivo "Ouça o Michigan".

Este movimento fez campanha para boicotar o presidente democrata durante as primárias, realizadas ontem.

O chefe de Estado, que provavelmente enfrentará o favorito à indicação republicana Donald Trump em 5 de novembro, obteve mais de 614.000 votos, ou seja, cerca de 81%.

A opção "sem compromisso", equivalente a um voto em branco, obteve mais de 100.000 votos (cerca de 13%).

A iniciativa tinha como objetivo mostrar a Biden que conseguiria mobilizar eleitores suficientes para ameaçar seu resultado nas eleições presidenciais, com a esperança de pressioná-lo para que exija um cessar-fogo imediato em Gaza.

Donald Trump venceu no Michigan, um dos estados-chave ("swing state") que provavelmente vão inclinar a balança nas eleições presidenciais, por cerca de 10.000 votos em 2016. Em 2020, Biden com uma diferença de cerca de 150.000 votos.

"Espero, senhor presidente, que nos ouça. Que escolha a democracia em vez da tirania, que escolha o povo americano em vez de Benjamin Netanyahu", o primeiro-ministro israelíense, afirmou em entrevista coletiva Abdullah Hammoud, prefeito de Dearborn.

Este subúrbio de Detroit tem uma grande população muçulmana e de origem árabe.

No comunicado em que reagiu à sua vitória, Biden agradeceu a "todo o povo do Michigan que fez sua voz ser ouvida", mas sem mencionar o voto de protesto.

Abbas Alawieh, porta-voz do "Ouça o Michigan", afirmou que o comunicado "ignorou" quem votou em branco e cuja mensagem é "clara": "Esta comunidade necessita que você mude de política antes de vir nos pedir votos".

À pergunta de se o presidente está disposto a mudar o rumo, sobretudo no que se refere ao fornecimento de armas a Israel, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, respondeu: "A política americana não vai mudar neste tema", declarou nesta quarta-feira aos jornalistas.

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