O ex-chefe paramilitar Salvatore Mancuso chegou a Bogotá nesta terça-feira (27), após passar 16 anos detido nos Estados Unidos e se comprometer a contar a verdade sobre seus vínculos com políticos e empresários do país sul-americano, informou a autoridade migratória da Colômbia.

Considerado um dos senhores da guerra mais poderosos dos anos 1990 e início do século XXI, o ítalo-colombiano desembarcou de um avião e foi recebido como "gestor de paz" pelo diretor de Migração Colômbia, Fernando García, conforme uma foto publicada pela entidade na rede social X.

Ele saiu da aeronave escoltado, algemado e vestindo um colete à prova de balas, mas sorridente. Segundo sua defesa, ele ficará detido em uma instalação policial.

"Após mais de 15 anos de exílio e submissão nas mais duras condições de privação de liberdade, retorno à Colômbia, minha terra natal", disse o ex-comandante das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) em um comunicado divulgado pela imprensa local.

Conhecido pelo apelido de "El Mono", Mancuso ainda enfrenta a justiça de seu país por centenas de deslocamentos, desaparecimentos e homicídios cometidos pelas AUC, associação de esquadrões que lutaram contra as guerrilhas de esquerda. No entanto, ele poderia ser libertado por decisão do presidente Gustavo Petro.

O presidente de esquerda o designou como "gestor de paz" em meados de 2023, em meio a conversas que o governo mantém com vários grupos armados, incluindo herdeiros do paramilitarismo como o Clã do Golfo. A nomeação implica sua libertação, indicou o Ministério da Justiça na época.

"Retornar, apesar das condições restritivas impostas pela justiça colombiana, à qual acato e respeito, e das difíceis e complexas circunstâncias de segurança que envolvem minha presença na Colômbia, é uma forma de renascer", disse o ex-paramilitar nesta terça-feira.

"Estou à disposição tanto do governo nacional quanto das organizações armadas que buscam diálogo", afirmou Mancuso.

O ex-comandante das AUC também colabora desde o ano passado com a Jurisdição Especial para a Paz (JEP), o tribunal responsável pelos piores crimes do conflito colombiano, que também poderia conceder benefícios judiciais em troca de seu testemunho.

Sua defesa argumenta que Mancuso permanecerá sob custódia policial até que sua situação jurídica seja definida, pois ele enfrenta um "risco extraordinário" no sistema penitenciário da Colômbia, atualmente em "estado de emergência" devido a uma onda de ataques a guardas.

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