Um ex-ministro muito próximo ao presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, rejeitou renunciar ao seu cargo de deputado, segundo uma exigência do Partido Socialista, após um escândalo de corrupção que envolve um de seus ex-colaboradores.

"Se eu renunciasse, e ainda mais neste momento, (...) seria interpretado como um sinal de culpa", disse José Luis Ábalos em entrevista coletiva. 

"Não sou acusado de nada nem faço parte da investigação em curso, tampouco tenho qualquer enriquecimento ilícito", declarou Ábalos, ministro dos Transportes até 2021 e por muitos anos parte do círculo próximo do premiê espanhol.

Entretanto, afirmou que para "não comprometer" o seu partido, estava saindo da bancada socialista no Congresso e passando para o chamado grupo misto, formado por deputados de agremiações menores. 

Posteriormente, o Partido Socialista informou que abriu um processo sancionatório contra ele e que estava suspendendo provisoriamente sua militância.

O escândalo eclodiu quando uma pessoa de confiança de Ábalos, Koldo García, foi detido na última quarta-feira pela polícia, que suspeita que ele recebeu comissões ocultas em contratos de venda de máscaras à administração pública durante a pandemia de covid-19.

Segundo a denúncia apresentada pela Promotoria Anticorrupção, García comprou, entre 2020 e 2022, três apartamentos na cidade costeira de Benidorm.

Embora Ábalos não seja citado na investigação, o Partido Socialista pediu-lhe na segunda-feira que renunciasse ao cargo de deputado, considerando que tinha uma "responsabilidade política" por ter tido García como seu assessor no ministério.

No sábado, Sánchez se distanciou de seu ex-ministro ao assegurar que será "implacável" com a corrupção e afirmar que "quem planta, colhe", sem mencionar Ábalos diretamente.

O Partido Popular (PP, conservador), principal partido da oposição, aproveitou o escândalo para criticar o governo e acusar os socialistas de quererem usar a demissão de Ábalos para proteger Sánchez.

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