A filial no Panamá da empresa canadense First Quantum Minerals lançou, nesta terça-feira (20), um programa incomum de visitas à maior mina a céu aberto da América Central, que encerrou suas operações por decisão judicial.

O programa foi anunciado quatro dias depois de nove ONGs denunciarem "graves descumprimentos" do governo panamenho no processo de fechamento da mina Cobre Panamá após a Suprema Corte do país declarar em novembro o contrato de concessão inconstitucional.

Qualquer panamenho adulto - ou estrangeiro residente -  poderá visitar a mina, localizada em uma área remota da costa caribenha e que deixou de funcionar após a decisão judicial e protestos nas ruas contra a mesma, acusada de prejudicar o meio ambiente.

O propósito das visitas é “ter canais de comunicação" com os cidadãos para neutralizar “a campanha de desinformação” contra a mina, explicou em entrevista coletiva a porta-voz da empresa, Maru Gálvez. A iniciativa surgiu a partir de um estudo conduzido pelo instituto Gallup, que revelou que 49% dos panamenhos querem conhecer a mina.

“Será um percurso bem completo", ressaltou a responsável pelo programa, Deydi Araúz. Os interessados deverão se inscrever pela internet, e a mina poderá receber mais de 100 pessoas por dia.

Nove ONGs chamaram a atenção na semana passada para “uma ausência alarmante das auditorias necessárias” no processo de fechamento, e afirmaram que existe risco de deslizamentos na mina.

As ONGs também ameaçaram retomar os protestos que deixaram o país quase paralisado por mais de um mês no fim de 2023, e insistiram em que “o Panamá vale mais sem mineração”.

Depois de encerrar suas operações, a mina demitiu a maior parte dos seus 7 mil funcionários e manteve cerca de 1,4 mil em trabalhos de manutenção. Desde 2019, a mina produzia cerca de 300 mil toneladas de concentrado de cobre por ano, que representavam 75% das exportações panamenhas e 5% do PIB do país.

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