A Procuradoria da Venezuela divulgou, nesta segunda-feira (19), suposta "evidência" de vínculos da ativista Rocío San Miguel com um plano para assassinar o presidente Nicolás Maduro.

Sobre a mesa, o procurador-geral, Tarek William Saab, expôs para a imprensa mapas e computadores apreendidos e mostrou fragmentos de uma "ordem de operação" confiscada de um militar preso, também acusado de participar do plano de magnicídio, nos quais "aparece mencionada explicitamente Rocío San Miguel".

Segundo estes trechos, San Miguel devia fazer contatos com veículos de comunicação para divulgar "adiantamentos da operação", gerar "afinidade comunicacional com a população militar" e "coordenar" a defesa de oficiais envolvidos através da ONG que dirige, a Control Ciudadano, especializada em temas relacionados com a Força Armada.

Estados Unidos e União Europeia expressaram "preocupação" com a prisão da ativista em 9 de fevereiro, enquanto organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram "uma escalada" contra a sociedade civil em um ano em que estão previstas eleições presidenciais.

O governo de Maduro ordenou a suspensão das atividades do Escritório do Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos em Caracas, que também havia questionado a prisão.

Os mapas apreendidos em uma batida na residência de San Miguel, na quarta-feira passada, continham sedes militares "demarcadas", ressaltou Saab. Um dos advogados de defesa, Joel García, informou naquele dia que estes mapas eram usados por ela quando dava aulas em institutos militares e que datavam do fim da década de 1990.

Saab acusou a ativista de receber "pagamentos" de "uma transnacional petroleira" que não mencionou e de agir como "agente" de embaixadas estrangeiras.

Segundo Saab, a 'Operação Bracelete Branco' contemplava um ataque a brigadas militares no estado de Táchira (fronteiriço com a Colômbia) para "se apoderar de seu parque de armas" e "iniciar uma escalada violenta" que terminaria com o "magnicídio" de Maduro.

Buscava-se, segundo ele, obter 482 fuzis AK-103, 51 pistolas e 10 escopetas.

Ao rejeitar as denúncias de "desaparecimento forçado", o procurador assegurou que San Miguel recebeu a visita de familiares no fim de semana passado.

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