Um ex-embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, acusado em dezembro de espionagem a favor de Cuba durante quatro décadas, declarou-se inocente nesta quarta-feira (14), segundo um documento enviado ao tribunal assinado por ele.

Víctor Manuel Rocha também renunciou ao seu direito de comparecer à leitura das acusações prevista para sexta-feira em um tribunal federal de Miami, Flórida.

O trabalho de Rocha foi "uma das infiltrações de maior alcance e duração no governo dos Estados Unidos por parte de um agente estrangeiro", disse o procurador-geral Merrick B. Garland em um comunicado publicado em dezembro após a prisão do suposto espião.

Segundo a denúncia, Rocha, um americano de 73 anos nascido na Colômbia, "secretamente apoiou a República de Cuba e sua missão clandestina de coleta de informações de inteligência contra os Estados Unidos" desde cerca de 1981 até sua detenção.

Para ajudar o governo comunista de Cuba, inimigo ferrenho de Washington, o acusado conseguiu emprego no Departamento de Estado entre 1981 e 2002.

Lá, ocupou cargos que lhe deram acesso a informações não públicas de alto nível, bem como a capacidade de influenciar a política externa dos Estados Unidos, segundo o procurador-geral.

Entre 1999 e meados de 2002, ele foi embaixador dos Estados Unidos em La Paz, onde causou grande polêmica ao ameaçar retirar a ajuda dos Estados Unidos à guerra boliviana contra as drogas se o esquerdista e ex-sindicalista cocalero Evo Morales vencesse as eleições.

Rocha admitiu ter trabalhado para Cuba durante "40 anos" em várias reuniões realizadas em 2022 e 2023 com um agente secreto do FBI que se passava por um representante da Direção Geral de Inteligência de Cuba.

O Ministério Público o acusa de conspirar para atuar como agente de um governo estrangeiro; atuar como agente de um governo estrangeiro sem o consentimento prévio de sua administração; e usar um passaporte americano obtido mediante declarações falsas.

Vários casos de espionagem têm afetado as relações entre os Estados Unidos e Cuba, que estão em confronto desde a revolução comunista na ilha em 1959, durante a Guerra Fria.

Em 2001, Ana Belén Montes, analista de inteligência militar, foi presa por espionagem após admitir que passou quase uma década coletando informações para Cuba.

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