Os agricultores voltaram a bloquear várias rodovias espanholas nesta quarta-feira (7), em protesto contra a política agrícola europeia e a precariedade do setor, que o governo de esquerda prometeu melhorar.

Os manifestantes, organizados por WhatsApp, se concentraram desde o amanhecer com seus tratores em várias estradas, principalmente nas regiões de Castela-Mancha (centro), Andaluzia (sul), Navarra (norte) e Catalunha (nordeste), segundo a Direção Geral de Trânsito (DGT).

Na Catalunha, centenas de tratores chegaram a Barcelona para uma concentração em frente à sede do governo regional, onde representantes disseram que receberiam os manifestantes.

Os protestos, que avançavam ao som de buzinas, causaram grandes engarrafamentos, inclusive na região de fronteira com a França.

Em Málaga, cidade do sul cujo porto foi bloqueado na terça-feria, dezenas de tratores paralisaram mais uma vez o trânsito em várias ruas, informou a Prefeitura.

Em Granada, também no sul, cinco agricultores foram presos após enfrentamentos com autoridades, segundo a imprensa.

A Confederação Espanhola de Transporte de Mercadoria (CETM) pediu ao governo em comunicado "medidas para evitar que o transporte seja, mais uma vez, refém dos protestos".

A CETM disse entender que a situação do campo "é crítica", mas pediu o fim dos bloqueios "indiscriminados de rodovias porque as grandes prejudicadas são as empresas" de transporte.

- "Mão estendida" -

Os protestos desta quarta-feira não foram convocados pelos três principais sindicatos de agricultores da Espanha, Asaja, Coag e UPA, que, no entanto, têm outras manifestações previstas para os próximos dias.

Como seus colegas em outros países europeus que também protestam, os agricultores espanhóis reclamam da burocracia e complexidade das normas europeias, dos preços baixos de venda de seus produtos e da concorrência dos produtos estrangeiros, que consideram desleal.

"São questões que levantamos há tempos com as autoridades e para as quais não tivemos respostas adequadas", afirmou à radio estatal RNE o secretário-geral da UPA, Marcos Alarcón, que pediu "unidade" dos agricultores ante os diversos pedidos de manifestação.

O presidente do Governo, o socialista Pedro Sánchez, afirmou nesta quarta-feira no Congresso que seu gabinete "está com o campo", e questionou as medidas "tomadas nos últimos cinco anos" para apoiar o setor.

Sánchez prometeu melhorar a lei de 2013 sobre a cadeia de alimentos para evitar prejuízos e simplificar a aplicação da Política Agrícola Comum (PAC) europeia, considerada excessivamente burocrática pelos agricultores.

"Estendemos a mão para continuar, com diálogo e compromisso, o trabalho pela busca de soluções", destacou o ministro da Agricultura, Luis Planas.

A Espanha, frequentemente descrita como a "horta da Europa", é a principal exportadora europeia de frutas e hortaliças, mas o setor agrícola atravessa dificuldades especialmente devido à seca que assola o país há três anos. 

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