O Ministério da Cultura do Peru, clubes e jogadores de futebol condenaram nesta segunda-feira (5) o racismo nos estádios do país, depois de uma banana ter sido atirada na direção de um jogador do clube Cienciano durante um jogo do campeonato local da primeira divisão. 

"Repudiamos e condenamos categoricamente o ato de discriminação dos torcedores do clube ADT (Asociación Deportiva Tarma), que desumanizam os cidadãos afrodescendentes devido à cor da pele, evidenciando assim a estigmatização dos membros do povo afro-peruano", afirmou o ministério em um comunicado. 

A banana foi lançada por torcedores da arquibancada do estádio Unión Tarma, na cidade de mesmo nome, no atacante Aldair Rodríguez, no final do primeiro tempo da partida disputada no sábado. 

O incidente ocorreu poucos minutos depois de o jogador abrir o placar, a favor do visitante Cienciano. Tudo foi visto na televisão porque o ato foi transmitido ao vivo. 

O árbitro Micke Palomino interrompeu a partida por alguns minutos para que fosse feito um anúncio de que a partida seria suspensa caso os atos racistas persistissem. Os jogadores do Cienciano ameaçaram se retirar.

"Seria necessário buscar uma decisão drástica para resolver isso (o racismo)", disse Aldair Rodríguez à imprensa.

A Federação Peruana de Futebol (FPF) ainda não se pronunciou, mas o regulamento prevê sanções para clubes e torcedores que praticarem atos racistas. 

O Cienciano exigiu que "sejam aplicadas as sanções pertinentes a este incidente condenável, pois contraria o combate à discriminação que deve ser promovido". 

"Isso prejudica e mancha o futebol, acho desrespeitoso que tenham jogado uma banana", disse o técnico argentino do ADT, Carlos Desio, aos repórteres. 

A partida entre ADT e Cienciano pela segunda rodada do Apertura 2024 terminou empatada em 1 a 1. 

Não é a primeira vez que uma banana é atirada num estádio de futebol peruano. No Clausura 2022, no Monumental de Lima, foi lançada na direção do atacante Kevin Quevedo, do Melgar, em uma partida contra o Universitario. 

A torcida do Cienciano, time originário da cidade andina de Cusco, também cometeu atos racistas em 2015 contra o atacante panamenho Luis Tejada, falecido há uma semana, a quem insultaram em uma partida contra seu clube Juan Aurich. 

Nessa ocasião, a FPF multou o Cienciano em 12 mil dólares (cerca de R$ 60 mil dólares pela cotação atual).

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