Rússia e Ucrânia anunciaram, nesta quarta-feira (31), a troca de cerca de 400 prisioneiros de guerra, uma semana após a queda de um avião militar russo que, segundo Moscou, foi derrubado por Kiev enquanto transportava soldados ucranianos cativos. 

De acordo com o presidente russo, Vladimir Putin, os militares ucranianos derrubaram uma aeronave Il-76 em 24 de janeiro, usando um míssil Patriot americano. A Ucrânia costuma usar esse tipo de projétil para interceptar fogo russo. 

A Ucrânia e seus aliados ocidentais ainda seguem esperando, por sua vez, obter provas das acusações russas. 

Nesta quarta-feira, apesar das tensões provocadas por essas acusações, Rússia e Ucrânia anunciaram uma das maiores trocas de prisioneiros em quase dois anos de guerra.

O Ministério russo da Defesa afirmou que 195 de seus soldados foram trocados pelo mesmo número de soldados ucranianos. 

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, mencionou, por sua vez, o retorno de "207" de seus concidadãos.

"Os nossos estão em casa", escreveu Zelensky nas redes sociais, prometendo trazer de volta todos os prisioneiros, "combatentes ou civis".

Putin também comemorou a operação e disse que Moscou quer "repatriar" todos os seus prisioneiros em mãos ucranianas. "Não vamos parar as trocas. Temos que trazer nossos homens de volta", insistiu. 

Segundo o comissário de Direitos Humanos da Ucrânia, Dmitro Lubinets, esta é a 50ª troca deste tipo. Até o momento, 3.035 ucranianos retornaram ao seu país.

Em seu discurso noturno diário, Zelensky confirmou esse número e disse que se tratam de militares de "diferentes patentes e experiência". 

"Todos são iguais em importância para a Ucrânia", destacou. "Libertaremos toda nossa gente do mesmo modo. É o nosso dever", prometeu. 

- Avião "derrubado por sistema Patriot" -

Um avião militar russo caiu em 24 de janeiro perto da fronteira com a Ucrânia em circunstâncias ainda não identificadas e todos os seus ocupantes morreram. 

Segundo a versão da Rússia, o avião foi abatido pela Ucrânia, e que transportava 74 pessoas, incluindo 65 prisioneiros de guerra ucranianos que seriam trocados.

Nesta quarta-feira, Putin assegurou, em declarações televisionadas, que "o avião foi derrubado, já se confirmou com certeza, por um sistema Patriot americano". 

- Ajuda dos EUA bloqueada -

A Ucrânia costuma usar esse sistema de defesa antiaérea, obtido dos Estados Unidos, para interceptar mísseis russos, em particular os chamados "hipersônicos". 

Até o momento, Kiev não confirmou, nem negou, a queda do avião, mas algumas autoridades questionaram se este transportava prisioneiros de guerra ucranianos. 

O governo ucraniano confirmou que estava planejada uma troca de prisioneiros no dia do acidente, a qual acabou não acontecendo. 

No terreno, a Rússia continua pressionando as defesas ucranianas, especialmente na região do Donbass e em Avdiivka, no leste do país. 

Nesta quarta, Putin afirmou que suas tropas mantêm posições "na periferia" dessa cidade. 

Há meses, Ucrânia e Rússia se enfrentam em torno dessa cidade industrial, às custas de grandes perdas, segundo observadores. 

As forças ucranianas miram cada vez mais em alvos em território russo, para que o Exército de Moscou possa afastar seus equipamentos e homens da linhas de frente. 

O Ministério russo da Defesa anunciou, por sua vez, que destruiu 20 mísseis lançados pela Ucrânia sobre o Mar Negro e na Crimeia, península anexada onde "destroços" teriam caído. 

A Crimeia é alvo frequente dos ataques da Ucrânia, pela importância logística que possui para o Exército russo. 

Na frente diplomática, o mais recente pacote de ajuda dos Estados Unidos para a Ucrânia continua bloqueado no Congresso. Já a União Europeia anunciou hoje que, até o fim de março, entregará "apenas" metade do milhão de projéteis prometidos a Kiev, um sinal, segundo o governo ucraniano, de que está perdendo apoio ocidental.

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