As negociações para uma nova trégua entre Israel e o Hamas em Gaza continuam nesta terça-feira (30), com o objetivo de pôr fim aos incessantes combates e bombardeios que assolam o território palestino há quase quatro meses. 

Os combates estão atualmente centrados em Khan Yunis, cidade natal de Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza. O Exército israelense o considera o artífice dos ataques de 7 de outubro contra Israel. 

A cidade, localizada no sul do enclave, foi reduzida a escombros e o Exército israelense afirma que suas tropas atacaram várias instalações militares, o escritório de Sinwar e "uma importante instalação de fabricação de foguetes". 

O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, afirmou que os soldados "eliminaram mais de 2.000 terroristas na superfície e abaixo", referindo-se à rede de túneis que abriga a cidade.

O conflito em Gaza já deixou pelo menos 26.751 mortos no território palestino, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do enclave, governado pelo Hamas desde 2007. 

Mas a guerra também intensificou a violência na Cisjordânia. 

Durante uma operação contra um hospital, soldados israelenses que operavam disfarçados mataram três supostos membros de uma "célula terrorista" do Hamas naquele território palestino, ocupado por Israel desde 1967.

- Hamas analisa proposta de trégua -

O conflito foi desencadeado pelos ataques do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, que deixaram cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses. 

Os milicianos islamistas também capturaram cerca de 250 pessoas, das quais 132 permanecem detidas em Gaza, incluindo 28 consideradas mortas, segundo Israel. 

Em resposta ao ataque, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista, classificado como "organização terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e lançou uma vasta operação militar em Gaza. 

Os bombardeios foram interrompidos por uma semana durante uma trégua em novembro, que permitiu a troca de reféns por prisioneiros palestinos. O cessar-fogo foi negociado com a ajuda de Catar, Egito e Estados Unidos.

O chefe da Inteligência dos EUA, William Burns, reuniu-se no domingo em Paris com autoridades egípcias, israelenses e cataris para delinear um novo projeto de trégua. 

O Hamas afirmou que está "estudando" a proposta apresentada em Paris para "dar uma resposta", segundo comunicado publicado pelo grupo no Telegram. 

Um alto funcionário do movimento, Taher al Nunu, insistiu nesta terça-feira que o Hamas deseja um "cessar-fogo completo e total e não uma trégua temporária". 

O território tornou-se um campo de ruínas e mais de 80% dos seus 2,4 milhões de habitantes foram deslocados, segundo a ONU.

Além dos bombardeios, Israel impôs um "cerco total" ao território no dia 9 de outubro, impedindo a entrada de água, alimentos, combustível e remédios. 

A maioria dos habitantes enfrenta agora riscos de fome e doenças, e a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA), fundamental para a assistência humanitária à população, teve o seu financiamento suspenso por 12 países. 

Israel acusa 12e funcionários da agência de envolvimento no ataque de 7 de outubro. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reunirá nesta terça-feira com os doadores em Nova York, segundo o seu gabinete.

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