As cidades de La Paz, Oruro e Potosí, na Bolívia, começam a sentir o desabastecimento de itens da cesta básica, devido aos bloqueios rodoviários realizados por apoiadores do ex-presidente Evo Morales, inabilitado para se candidatar à presidência, informou o governo nesta sexta-feira (26).

"Este bloqueio afeta o abastecimento, tomaremos medidas para realizar pontes aéreas [de transporte de alimentos]", disse Grover Lacoa, vice-ministro de Comércio Interno, em um mercado popular da capital boliviana, no quinto dia de manifestações.

O movimento aumenta o preço da carne e de outros produtos básicos. "As carnes subiram mais ou menos 5%. Esses produtos não estão chegando aos nossos mercados", disse em Cochabamba Rolando Morales, presidente da Câmara Agropecuária.

Liderados pela poderosa organização dos cocaleiros, os apoiadores de Morales impedem o trânsito com pedras, troncos e pneus em chamas desde a última segunda-feira. Dezenas de veículos ficaram bloqueados em estradas.

Segundo dados oficiais, dois civis morreram devido aos bloqueios e 11 policiais ficaram feridos em um confronto com manifestantes, que exigem a renúncia dos juízes do Tribunal Constitucional que se pronunciaram contra Morales nos últimos dias.

"Não estão fazendo o governo sofrer, e sim a população", disse em Santa Cruz Eduardo Del Castillo, ministro de Governo. "Já deveriam processá-lo por impedir o livre trânsito. Evo Morales tem que responder", completou o deputado opositor Betto Astorga.

O deputado da ala "evista" Freddy López respondeu: "Não há provas de que ele esteja organizando. São as bases que estão incomodadas."

Segundo a Administradora Boliviana de Estradas, os manifestantes mantêm 18 pontos de bloqueio, dez deles em Cochabamba, berço político do líder indígena. O conflito também deixou centenas de passageiros retidos em aeroportos de três cidades. O governo habilitou "voos solidários" para atender a essas pessoas.

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