O Exército israelense e combatentes do Hamas seguem travando confrontos violentos nesta quinta-feira(25) no sul da Faixa de Gaza, especialmente em Khan Yunis, onde disparos de tanques atingiram um abrigo da ONU para deslocados na quarta-feira.

O Ministério da Saúde do Hamas indicou que 50 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Khan Yunis, principal cidade do sul do território palestino e onde o Exército israelense afirmou que franco-atiradores mataram vários "terroristas" durante a noite.

O Exército israelense afirmou que "cercou" Khan Yunis e alertou a população a fugir para Rafah, ao sul. Mas o combates tornam perigosa a viagem para a esta região, onde se encontra a maioria dos 1,7 milhão de deslocados.

Na quarta-feira, disparos de tanques contra um abrigo da Agência da ONU para Refugiados da Palestina (UNRWA) em Khan Yunis deixaram ao menos "12 mortos e 75 feridos, 15 em estado grave", segundo um novo balanço divulgado nesta quinta por Thomas White, responsável pela organização em Gaza.

Para Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, o ataque constitui "uma flagrante violação das regras fundamentais de guerra".

O Exército israelense indicou à AFP que faz uma "análise" das operações e sugeriu "a possibilidade" de um disparo pelo Hamas.

A guerra eclodiu em 7 de outubro com a incursão de combatentes islamistas que mataram cerca de 1.140 pessoas em Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP a partir de dados oficiais israelenses.

Cerca de 250 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza. Segundo uma recontagem, 132 permanecem reféns, das quais estima-se que 28 morreram.

- Críticas ao mediador Catar -

A ofensiva lançado por Israel com o objetivo de "aniquilar" o Hamas deixou até o momento cerca de 25.700 mortos, em sua maioria mulheres, crianças e menores, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo movimento islamista desde 2007.

"Estamos esgotados. Parem! Ambas as partes devem parar. Está demais", lamentou Latifa Abu Rezk, enlutada por um familiar em um hospital de Rafah.

Em Deir el Balah, no centro de Gaza, imagens da AFPTV mostram túmulos com nomes dos enterrados escritos com marcador. "Famílias inteiras exterminadas foram enterradas em covas coletivas", declarou Ahmad Abdul Salam, morador do campo de refugiados de Maghazi.

Catar, Egito e Estados Unidos tentam mediar uma nova trégua em Gaza, mais duradoura e que inclua a liberação de reféns e prisioneiros.

Mas em uma gravação obtida pela rede israelense 12, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considerou "problemático" o papel de mediador do Catar, que acolhe a posição política do Hamas e concedeu centenas de milhões de dólares em ajuda à população de Gaza no últimos anos.

"Tem os meios para pressionar (o Hamas, ndr) Por que? Porque o financia", afirmou.

Nesta quinta-feira, o ministro israelense de Finanças, Bezalel Smotrich, de extrema direita, afirmou no X que "uma coisa é clara: o Catar não será evolvido em nada do que ocorrer em Gaza após a guerra".

Um líder do Hamas, Taher al Nono, condenou as declarações e afirmou que estes comentários buscam desviar "a questão da troca de prisioneiros".

Na Cisjordânia ocupada, o Exército israelense anunciou operações em várias cidades, com 16 detidos e um palestino morto.

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