A Arábia Saudita planeja autorizar, pela primeira vez, a venda de bebidas alcoólicas a diplomatas não muçulmanos, disseram à AFP duas fontes próximas ao assunto, que pediram anonimato, nesta quarta-feira (24). 

O álcool "será vendido a diplomatas não muçulmanos", que até agora podiam obtê-lo importando-o apenas por meio da "mala diplomática", disse uma das fontes. 

A venda de bebidas alcoólicas é proibida por lei na Arábia Saudita desde 1952, pouco depois de um dos filhos do rei Abdulaziz ter ficado bêbado e, em um acesso de raiva, ter matado a tiros um diplomata britânico. 

Há anos circulam rumores de que o álcool seria permitido novamente no âmbito de uma série de reformas sociais introduzidas como parte da agenda Visão 2030 do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, que inclui a introdução de cinemas e festivais de música com a presença conjunta de homens e mulheres.

Um comunicado do governo saudita disse nesta quarta-feira que as autoridades introduzirão "um novo quadro regulamentar (...) para combater o comércio ilícito de produtos alcoólicos recebidos por missões diplomáticas". 

"O novo processo consistirá na atribuição de quantidades específicas de produtos alcoólicos à entrada no país para pôr fim ao processo anterior não regulamentado que provocava uma troca descontrolada desses bens", disse. 

As regras em vigor até agora deixam à maioria dos 32 milhões de sauditas poucas possibilidades de consumir bebidas alcoólicas.

Além de participarem de recepções diplomáticas, podem fazer vinho caseiro, ou recorrer ao mercado clandestino, onde as garrafas de uísque podem custar centenas de dólares nas vésperas de feriados como o Ano Novo. 

Segundo a lei saudita, as penalidades para o consumo ou posse de álcool podem incluir multas, penas de prisão, flagelação pública e deportação de estrangeiros.

rcb/th/anr/ila/acc/es/aa/tt