Milhares de militantes chavistas saíram em passeata nesta terça-feira (23) na Venezuela em apoio ao presidente Nicolás Maduro, um dia após a revelação de planos de magnicídio, enquanto a oposição denunciou uma intimidação por parte de autoridades e a prisão de ativistas.

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder, convocou manifestações em todo o país neste 23 de janeiro, que marca a queda da ditadura militar de Marcos Pérez Jiménez, em 1958.

"O povo da Venezuela tomou as ruas hoje para mostrar quem manda na Venezuela: povo combatente, povo rebelde, povo histórico", expressou Maduro no encerramento da manifestação. 

Na véspera, autoridades venezuelanas haviam anunciado que desmantelaram em 2023 cinco supostas conspirações para assassinar Maduro, que levaram à prisão de 32 pessoas, entre civis e militares. O Ministério Público anunciou novas prisões hoje.

As denúncias de magnicídio são frequentes no chavismo, que completa 25 anos no poder e joga em 2024 sua continuidade em eleições ainda sem data.

"Se algum dia os fascistas me causarem algum dano, algum atentado, deixo nas mãos de vocês fazerem o que tiverem que fazer para repor a justiça e a paz na Venezuela. Ativem a fúria bolivariana!", lançou Maduro, repetindo um lema que ele propôs na semana passada para combater "tentativas terroristas".

"Nada irá me deter. Continuarei nas ruas, na batalha, protegendo vocês e, para que sintam arder, continuarei governando este país com o apoio do povo venezuelano", disse Maduro, que não confirmou sua aspiração à reeleição, embora pareça ser o candidato natural do governismo.

- 'Medo de eleições' -

A líder opositora María Corina Machado, que deseja se candidatar para as presidenciais, apesar de estar impedida, denunciou mais cedo intimidação contra sua campanha depois que sedes de seu partido, o Vente Venezuela, foram vandalizadas com a frase "Fúria Bolivariana". Dois ativistas dessa organização foram presos. 

Um ato de María Corina pelo 66º aniversário da queda da ditadura de Pérez Jiménez, que também serviria para apresentar uma aliança em torno de sua candidatura foi deslocado pela marcha chavista que passou por essa área.

A dirigente falou a alguns quarteirões em cima de um caminhão ante centenas de seguidores. 

"Falam de eleições, mas têm medo de eleições", disse. "Sabem que não têm o voto e se escondem atrás da ameaça, da perseguição, da mentira, da sentença pré-fabricada para tentar nos aniquilar, nos calar ou desviar", acrescentou.

As eleições serão realizadas no segundo semestre, após um acordo entre o governo e a oposição em uma negociação mediada pela Noruega. Os Estados Unidos, protagonistas do processo, pressionaram para criar um mecanismo de impugnação das inabilitações que impedem vários líderes opositores de se candidatarem, ao qual María Corina aderiu apesar de não reconhecer a sanção contra ela.

Segundo a opositora, as ações contra seu partido violavam o acordo alcançado. Na mesma linha, pronunciou-se o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian A. Nichols: “O mapa do caminho eleitoral de Barbados exige uma cultura de tolerância e coexistência política, bem como uma igualdade de condições para todos os partidos políticos”, ressaltou no X, com preocupação.

- 'Defendendo Nicolás!' -

Sob um sol escaldante, protegidos por guarda-chuvas, bonés e chapéus, os militantes percorreram uma importante avenida de Caracas em direção ao centro, onde Maduro discursou. "Aqui, aqui, o povo defendendo Nicolás!", gritavam os manifestantes ao ritmo de tambores, samba, salsa e merengue.

"A revolução me ajudou, me apoiou com um fogão, um telefone, os bônus, espero que venham outros benefícios", disse à AFP Miguelina Hernández, 64. "Graças a Deus e a Chávez, e agora ao presidente Nicolás Maduro, tivemos representação", ressaltou Daniela González, 29 anos, representante do povo indígena wayú. "Estamos agradecidos, por isso viemos para a rua."

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