O principal líder da dissidência colombiana das Farc, conhecida como ‘Oliver Sinisterra’, que rejeitou o processo de paz de 2016 para traficar cocaína, foi capturado no Equador, informou a polícia deste país nesta segunda-feira (22). 

"Ontem à noite em #Imbabura (norte andino), atividades de investigação e inteligência, realizadas durante 3 meses, conseguiram capturar Carlos L., conhecido como ‘El Gringo’, um alvo de alto valor. Líder do grupo armado Oliver Sinisterra da #Colômbia e ligado a atividades terroristas em #Esmeraldas", indicou o comandante da polícia do Equador, César Augusto Zapata, na rede social X.

Carlos Arturo Landázuri Cortés, conhecido como Comandante Gringo, substituiu na liderança o equatoriano Walther Arizala, conhecido como Guacho, morto por militares colombianos em dezembro de 2018. Na época, as autoridades estimavam que ele tivesse 24 anos.

Landázuri está entre os mais procurados da Colômbia e é acusado de participar do sequestro e assassinato de uma equipe jornalística equatoriana em 2018.

O Ministério Público da Colômbia inclui a Oliver Sinisterra entre as "organizações transnacionais dedicadas ao tráfico de cocaína". 

Essa dissidência "domina" os corredores de saída da droga pela América Central, em direção aos Estados Unidos e à Europa a partir do sudoeste do país, segundo as autoridades colombianas. 

Localizado entre o Peru e a Colômbia, os maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador vive um novo confronto com o tráfico de drogas. Mais de vinte facções associadas a cartéis mexicanos e colombianos mantêm o país em xeque desde o começo de janeiro, com uma onda de violência que deixa cerca de vinte mortos.

- Fronteira em chamas -

Embora o acordo de paz de 2016 tenha resultado no desarmamento do grosso da guerrilha das Farc, grupos dissidentes se reorganizaram com novos recrutas.

Segundo o governo do ex-presidente Iván Duque (2018-2022), Landázuri era procurado pela Justiça equatoriana e acusado de participar de vários ataques: um deles o "atentado com carro-bomba contra o comando da Polícia de San Lorenzo, situado em Esmeraldas (noroeste), Equador (...), que deixou 28 agentes feridos" em 2018, segundo uma declaração do então ministro da Defesa, Guillermo Botero.

O atual presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro, aposta em uma saída negociada para seis décadas de conflito armado. Desde que assumiu o poder, em 2022, ele negocia com a guerrilha do ELN e a dissidência mais poderosa das Farc, conhecida como Estado-maior Central (EMC).

Oficialmente, não se sabe de aproximações entre o governo e a Oliver Sinisterra. 

Esta dissidência é responsável pela morte do repórter Javier Ortega (32 anos), do fotógrafo Paúl Rivas (45) e do motorista Efraín Segarra (60), funcionários do jornal El Comercio, do Equador.

Seus corpos foram encontrados três meses depois de seu sequestro em uma vala comum situada do lado colombiano da fronteira, no departamento de Nariño (sul), uma das áreas com mais narcocultivos do mundo.

A região de fronteira é um dos territórios mais afetados pelo surto de violência na Colômbia e no Equador.

Devido à sua economia dolarizada, localização estratégica e corrupção dentro das instituições, o Equador se tornou um ponto-chave de distribuição de drogas.

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