Um funcionário talibã informou, em um vídeo divulgado nesta quarta-feira (10), a detenção de mulheres e adolescentes em Cabul que não usavam o hijab, peça do vestuário imposta pelo poder fundamentalista islâmico a todas as mulheres no Afeganistão.

Nos últimos dias, várias mensagens nas redes sociais relataram detenções de mulheres na capital afegã por sua forma de vestir. 

As afegãs são obrigadas a usar o hijab em locais públicos, cobrindo, assim, seu corpo e deixando apenas olhos e mãos visíveis. 

Ehsanullah Saqib, um funcionário de segurança, disse aos clérigos do distrito de Dasht e Barchi na terça-feira (9) que, na semana passada, "várias mulheres e garotas jovens que não usavam o hijab foram presas com a ajuda da polícia feminina", uma força composta inteiramente por mulheres. 

Desde seu retorno ao poder em agosto de 2021, os talibãs restabeleceram a interpretação austera do Islã que marcou seu primeiro período à frente do governo (1996-2001). 

Os islamistas intensificaram as medidas repressivas contra as mulheres, uma política classificada pela ONU como "Apartheid de gênero". 

Elas foram excluídas das instituições de ensino médio e superior, tornando o Afeganistão o único país do mundo onde a educação é proibida para as garotas para além da escola primária. 

Ehsanullah explicou, de acordo com este vídeo publicado na rede social X pela Amu TV, que as mulheres foram detidas por "não usarem o hijab", mas calças, ou leggings, por baixo do vestido. 

"Eles as prenderam para que suas famílias soubessem que sua irmã, filha, ou esposa andava sem hijab e que isso tinha de ser impedido", acrescentou o responsável talibã.

Um ativista dos direitos humanos, que pediu para não ser identificado, disse à AFP nesta quarta-feira (10) que as detenções têm como objetivo "pressionar as famílias a forçarem as mulheres a usarem o hijab e incutir medo nas jovens e nas mulheres". 

"É a primeira vez que os talibãs detêm mulheres em público por este motivo", completou.

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