A primeira-ministra da França, Élisabeth Borne, apresentou sua demissão nesta segunda-feira (8) ao presidente Emmanuel Macron, em meio a rumores de uma remodelação profunda do governo para dar oxigênio ao segundo mandato do dirigente centrista.

"Senhora primeira-ministra, querida Élisabeth Borne, o seu trabalho a serviço da nossa nação foi exemplar todos os dias [...] Obrigado de todo o coração", escreveu Macron na rede social X (antigo Twitter), após aceitar sua demissão. 

O nome do sucessor será conhecido na manhã desta terça-feira, detalhou a Presidência francesa. O atual ministro da Educação, Gabriel Attal, de 34 anos, aparece como favorito para sucedê-la, segundo fontes próximas do Poder Executivo.

O futuro inquilino do Hôtel Matignon, residência oficial do chefe de governo, deverá impulsionar o "fortalecimento industrial, econômico, europeu" e também "cívico", que o presidente francês prometeu em 31 de dezembro para a continuidade de seu segundo mandato até 2027.

Em maio de 2022, Borne, uma funcionária pública tecnocrata, tornou-se a segunda mulher a chefiar o governo francês como primeira-ministra, depois de Macron se eleger para um segundo mandato até 2027, superando a candidata de extrema direita Marine Le Pen.

Mas seus 20 meses como chefe de um governo sem maioria absoluta no Parlamento estiveram marcados por uma alta tensão política, como durante a reforma da Previdência imposta por decreto, e por um episódio de distúrbios urbanos em meados de 2023. 

No entanto, a aprovação de uma reforma migratória em dezembro, que o governo endureceu para conseguir o apoio da direita, dividiu a situação no poder, especialmente quando a extrema direita comemorou a "vitória ideológica" da nova lei.

Em sua carta de demissão, à qual a AFP teve acesso, Borne, de 62 anos, que conseguiu sobreviver a umas 30 moções de censura em quase dois anos, considerou "mais necessário do que nunca seguir com as reformas".

- Eleições europeias e Jogos Olímpicos -

A eleição do sucessor de Borne se anuncia crucial para tentar manter o frágil equilíbrio da aliança centrista de Macron, com deputados inclusive de centro-esquerda, no contexto de uma opinião pública que se desloca cada vez mais para a direita.

Attal, que se juntou às fileiras de Macron após deixar o Partido Socialista, construiu uma imagem de rigor como ministro da Educação, com medidas como a proibição da abaya – vestimenta usada pelas mulheres muçulmanas – na escola.

As eleições para o Parlamento Europeu em junho de 2024 servirão de termômetro sobre a remodelação do governo. O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, lidera as pesquisas com 27% dos votos, seguido pelo partido de Macron, Renascimento (19%), de acordo com um levantamento da Opinionway realizado em meados de dezembro.

Se for indicado, Attal se tornaria o primeiro-ministro mais jovem da república francesa e o primeiro abertamente homossexual. Seus principais desafios seriam deter a extrema direita e gerir o governo durante os Jogos Olímpicos de Paris.

De acordo com um levantamento recente, um terço dos franceses deseja a sua ascensão ao cargo de primeiro-ministro. "É popular, jovem e alguém completamente criado por Macron", indicou uma ministra, que pediu o anonimato.

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